Com os estúdios fechados, a Globo procura soluções tecnológicas para continuar produzindo seus programas. O “Diário de um Confinado”, que estreou no sábado (4) na televisão aberta e nesta segunda-feira (6) no canal Multishow, é um dos cinco programas da empresa com trabalhos remotos durante o período da pandemia, além de Seja o primeiro com 100% da equipe confinada, da pré-produção à pós-produção.
Devido ao coronavírus, artistas e técnicos de rede estão trabalhando em casa, usando aplicativos de videoconferência, telefones celulares com câmeras de última geração e transferências na nuvem, entre outros recursos.
A série é estrelada pelo ator Bruno Mazzeo e apresenta Arlete Salles, Debora Bloch, Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho e Renata Sorra. A direção artística da série é realizada por Joana Jabace, esposa de Mazzeo.
Acesso remoto e videoconferência
Para manter a qualidade técnica do programa, o setor de tecnologia da Globo precisava montar kits de gravação com tripés, microfones externos altamente sensíveis que permitem o monitoramento remoto de áudio, além de luzes de anel (aqueles anéis de luz que blogueiros) para controlar a iluminação.
“Ao separar o equipamento, o técnico responsável seguiu as regras de proteção para desinfetar, embalar e selar o equipamento”, explica Marcelo Bossoni, diretor de tecnologia de entretenimento da Globo.
Dois celulares de última geração foram usados nas filmagens: um conectado em uma conferência que permite que as equipes monitorem e acompanhem a gravação, e o outro para capturar em 4K, usado pelos próprios atores. Modelos de telefone celular não foram relatados.
Quanto à casa de Jabace e Mazzeo, foram enviadas câmeras de filmagem com sensores full-frame (mais avançados que os comuns) e estabilização óptica, além de outros elementos de iluminação. A equipe de logística entregou todo o material na casa dos atores.
“Demos à distância toda a orientação para a montagem básica do kit e fizemos um acesso remoto aos dispositivos móveis para aplicar configurações. Embora eles já estejam ‘predefinidos’ (com as configurações atualizadas), o equipamento requer ajustes dependendo da luz, áudio e atmosfera de cada casa “, explica Marcelo Bossoni.
Durante as gravações, produtores de arte, cenógrafos, figurinistas e outros profissionais controlavam o equipamento e auxiliavam na instalação e configuração de programas de videoconferência, como os equipamentos da Microsoft.
Em cada final das filmagens, a equipe de tecnologia acessava remotamente os telefones celulares para transferir as imagens gravadas para a nuvem. O conteúdo foi disponibilizado aos servidores da Estúdios Globo. Foram utilizados sistemas em nuvem convencionais no mercado e o material produzido adicionou mais de 25 horas de matéria-prima.
No total, 48 profissionais participaram das etapas de produção da série, a maioria no escritório doméstico. “Temos um assistente de direção, arte, editor, pós-produção, efeitos especiais, mas todos os departamentos trabalham remotamente, cada um em casa. No nosso departamento, apenas eu, Bruno e Glauco Firpo, diretor de fotografia, que passamos o tempo todo temporada conosco, seguindo os protocolos de segurança “, diz Joana Jabace.
Embora todos os ciclos de produção tenham sido realizados remotamente, o diretor de tecnologia, Marcelo Bossoni fez a reserva de que os colaboradores responsáveis pelos processos de qualidade de som e cor (alteração de cor) precisavam ir ao Globo Studios.
Você está aqui para ficar?
Bossoni Ele acredita que esse modelo de produção para telemarketing encurta distâncias, otimiza problemas de limitação física e permite que uma série de processos sejam realizados na nuvem e tem tudo para permanecer, mesmo em um mundo pós-secreto.
“Criamos um trabalho muito relevante com acesso remoto que se mostrou essencial por enquanto, mas que também fornece uma série de ganhos que podem ir além do momento atual”, diz ele.
Para Jabace, a pandemia está transformando a profissão dos profissionais de televisão. “Quem tem a coragem e a capacidade de se reinventar continuará, já que a arte não vai parar”, diz ele.
“Acho que a dramaturgia sofrerá adaptações e que as coisas serão, necessariamente, um pouco menores, com produções mais íntimas a partir de agora. No nosso caso, fizemos uma dramaturgia muito íntima e, consequentemente, muito humana, devido ao fato de que tem outros cenários, outros universos. Foi a prova de que somos capazes de fazê-lo e como teremos que fazê-lo daqui para frente “, teoriza o diretor artístico.
A história
O trabalho conta o cotidiano de Murilo (Mazzeo), que devido à pandemia é forçado a fazer absolutamente tudo dentro do “opressão“Onde você mora, desde compromissos profissionais até terapia”. O projeto foi feito em minha casa, mas poderia ter sido feito em um pequeno estúdio. Tem um ‘Estado anímico‘de dramaturgia e nossa intenção é que o espectador embarque no universo de Murilo “, disse Joana Jabace.
Segundo ela, o trabalho foi projetado para dar ao espectador a sensação de tédio e confinamento que os brasileiros, ou pelo menos aqueles que seguem Quarentena- Sinto quase quatro meses de isolamento social.
“A sala de estar da nossa casa foi transformada no loft de Murilo, como se o quarto estivesse na sala. Ela está sempre ocupando o mesmo espaço, dando a sensação de que está enraizada, que não pode se mover. E, de fato , ele não pode fazê-lo. No vestiário, ele terá poucas mudas de roupa e as mesmas situações que a série aborda trarão esse sentimento de prisão, que é a mesma todos os dias “, completa.
Ela também diz que a atmosfera da série tem uma luz “mais quente” para contrastar com a luz azulada que vem do computador, do telefone celular e da linguagem da vida. “Do ponto de vista do movimento da câmera, é uma ‘câmera voyeur’: como se tivesse uma câmera registrada, em um documentário sobre os presos. É por isso que faz declarações para a câmera”, diz ele.