BRASÍLIA, 30 de novembro (Reuters) – O Banco Central do Brasil disse nesta quarta-feira que 12,2% dos tomadores de empréstimos de instituições financeiras licenciadas estão em uma situação de “dívida de risco”, e o número total de brasileiros nessa categoria quase triplicou desde 2019.
Dados mostram que mais consumidores estão enfrentando dificuldades para quitar dívidas em meio à ampliação do acesso ao sistema financeiro, devido ao aumento das fintechs e da assistência social de pagamentos digitais durante a pandemia que aumentou o número de usuários.
Mauricio Moura, diretor de Supervisão de Relações, Cidadania e Conduta do Banco Central, disse em entrevista coletiva sobre superendividamento que o número de devedores em “dívidas de risco” subiu para 12,2 milhões de pessoas em junho.
Em dezembro de 2019 eram 4,6 milhões, ou 5,4% do total, segundo estudo do banco central.
Os devedores são considerados de risco pelo banco central se apresentarem pelo menos duas das seguintes situações: incumprimento há mais de 90 dias; renda disponível mensal abaixo da linha de pobreza após o pagamento do serviço da dívida; exposição simultânea a linhas de crédito mais caras; e comprometimento de mais de 50% da renda mensal com o pagamento do serviço da dívida.
Os dados se somam a outros indicadores que destacam o aumento do endividamento do consumidor em meio ao aumento dos custos dos empréstimos, depois que o banco central elevou agressivamente as taxas de juros para 13,75%, de uma baixa recorde de 2% em março de 2021 para combater a inflação na maior economia da América Latina.
O presidente eleito de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirá o cargo em 1º de janeiro, prometeu lançar um amplo programa de renegociação da dívida do consumidor apoiado por garantias do governo para resolver um problema que começou a aparecer no resultado final. alguns bancos.
Empréstimos gerais para consumidores e empresas subiram para 4,2% em outubro, o nível mais alto em quase quatro anos.
O banco central alertou recentemente para sua crescente preocupação com os efeitos da desaceleração da atividade econômica sobre os riscos de crédito no país, apontando para um aumento significativo dos riscos no financiamento das famílias neste ano.
Segundo os formuladores de políticas, a capacidade de pagamento das pessoas piorou, apesar dos melhores indicadores econômicos e de emprego, e o cenário tende a se tornar mais desafiador à medida que a economia desacelera.
Economistas privados preveem que o PIB do Brasil crescerá 0,7% em 2023, após expansão de 2,8% este ano, de acordo com uma pesquisa semanal do banco central.
Informações de Marcela Ayres
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