Por que o Brasil deve ratificar o Acordo
Como um dos países mais mortíferos do mundo para os defensores da terra e do meio ambiente, o Brasil deve fazer o mesmo. Nossas investigações e investigações mostraram como o governo brasileiro anterior anulou as proteções para indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, infringiu os direitos à terra, atacou grupos de conservação e desmantelou e cortou os orçamentos e recursos das próprias instituições que foram projetadas para proteger os povos tradicionais comunidades. comunidades Isso tem alimentado a impunidade de ataques contra defensores.
Em nosso relatório publicado no ano passado sobre os assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente, década de desafio, O Brasil registrou o maior número de mortes de defensores do mundo entre 2012 e 2021, com 342 pessoas mortas. Cerca de um terço dos assassinados no Brasil eram indígenas ou quilombolas, e mais de 85% dos assassinatos ocorreram na Amazônia brasileira.
Na reunião, a deputada Célia Xakriabá destacou a difícil realidade dos defensores no Brasil que, segundo ela, são os verdadeiros “ministros do meio ambiente” há quatro anos. Aqueles que ‘arriscaram suas vidas para proteger o meio ambiente, enquanto o governo agiu para destruí-lo’. Ela vê o novo governo no Brasil como uma nova esperança para os defensores.
Entre outras mudanças relevantes que o novo Governo implementou, na semana de 10 de abril de 2023, o Acordo foi finalmente enviado à Presidência da República. Este é um primeiro passo importante, pois inicia o processo de ratificação e pode ser enviado oficialmente ao Congresso para votação cinco anos após o país ter assinado o Acordo.
Esperamos que o Governo apresente brevemente o projeto de lei, com os termos do Acordo, ao Congresso nos próximos dias. Estamos animados com a presença da Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, na inauguração da Segunda Reunião da Conferência das Partes do Acordo de Escazú, que ocorre esta semana na Argentina.
O desafio à frente
As expectativas de ratificação no Brasil são altas. No entanto, o processo de votação para a ratificação do Acordo provavelmente será repleto de obstáculos e desafios.
Antes de seguir para sanção presidencial, o projeto de lei deve ser votado por diversas comissões especiais formadas por parlamentares e pelas duas Casas do Congresso, Câmara dos Deputados e Senado, o que pode ser um processo demorado. Além dos obstáculos inerentes a um complicado processo legislativo, outro desafio será garantir a maioria para votar pela ratificação. O Congresso brasileiro recém-eleito ainda é considerado conservador e principalmente a favor do agronegócio e da agenda das grandes empresas.
A oposição ao Acordo é esperada, então a pressão da sociedade civil brasileira e internacional será fundamental para que seja aprovado pelo Congresso. Mas não há mais tempo a perder. A vida dos defensores brasileiros deve ser prioridade após quatro anos de inação do governo anterior, falta de prestação de contas e ataques sistemáticos do agronegócio, mineração, extração de madeira e outros setores destrutivos. Eles estão na linha de frente da proteção da Amazônia brasileira e estão sob ataque implacável.
Juntamente com 144 organizações, a Global Witness assinou uma carta aberta ao Governo do Brasil e nos solidarizamos com o recém-lançado “Movimiento Escazú Brasil”, composto por defensores e organizações da sociedade civil no Brasil, convocando o Congresso Brasileiro a ratificar o Escazú Acordo e criar um ambiente seguro para os defensores da terra e do meio ambiente.