As realizações, o orçamento e as despesas dos estados e municípios devem ser seguidos da mesma maneira. Cada governo deve ter seu portal de transparência e cada decisão do governo do estado ou da prefeitura deve ser publicada no Diário Oficial para ser válida.
Para ajudá-lo a encontrar essas páginas, o Colaboradores Reúne um catálogo de portais de transparência e jornais oficiais dos governos estaduais e municipais, além de oferecer bancos de dados sobre temas específicos, como cinema, educação ou segurança pública.
Mas a transparência nos estados e municípios permanece bastante desigual. Enquanto alguns estados oferecem ferramentas fáceis de entender para descobrir gastos públicos, outros governos nem sequer têm uma página de transparência.
As redes municipais são as menos transparentes e as mais difíceis de controlar. Em um estudo sobre transparência realizado pela CGU (Controladoria Geral da União), Dos 2.328 municípios avaliados, mais da metade (52,3%) obteve pontuação inferior a 3 (em uma escala de 10 pontos) e apenas 9% alcançaram mais de 9 pontos.
“Eles estão atrasados em termos de estrutura de disponibilidade de dados, mas também na existência de uma estrutura institucional para isso e nas práticas políticas de transparência”, afirmou Nazareno Andrade, da UFCG.
Por esse motivo, os Tribunais de Contas do Estado são geralmente as melhores fontes de informação sobre o Estado e os municípios. Como uma agência de supervisão de recursos e despesas, o TCE coleta os dados e pode oferecer ferramentas de monitoramento do cidadão.
O Tribunal de Contas do Espírito Santo é um bom exemplo de divulgação de informações. Ele criou um portal chamado Cidades, com informações sobre receitas, despesas, despesas de pessoal e oferta de políticas públicas como saúde e educação. O site permite, por exemplo, saber quanto cada município capixaba investe em saúde por habitante nos últimos dez anose compare o investimento da sua cidade com o do Espírito Santo. Ou siga quais são as cidades que mais invista na educação em relação à sua renda.
Além das informações dos municípios, o portal também coleta dados sobre a legislatura de cada município. É possível ver que a cidade de Vila Velha gastou em 2019 mais de R $ 1,3 milhão por vereador apenas pagando os salários dos funcionários da cidade, enquanto Cariacica, uma cidade também na região metropolitana de Vitória, gastou R $ 818 mil por vereador.
No Visor, site do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, é possível visualizar um mapa de calor que indica os municípios com mais alertas enviados pela agência. O TCE envia alertas para as prefeituras desde 2000, avisando quando há riscos de não cumprir suas metas fiscais ou comprometer grande parte de sua receita para pagar funcionários.
O portal disponibiliza os relatórios enviados a todos os órgãos municipais em todas as cidades desde 2014. Há alertas recebidos este ano pela Prefeitura e pela Prefeitura de Ibiúna, indicando que o município não investiu recursos suficientes em educação e, portanto, corre o risco de não cumprir a lei constitucional que define o investimento de 25% dos impostos municipais em educação até o final deste ano.
O TCE-SP também criou um Mapa da câmera, que mostra quais são os municípios, entre as 644 pessoas em São Paulo, que gastam mais por habitante.
Se sua cidade não possui informações disponíveis, o CGU tem um guia de orientação sobre como tornar seu município mais transparente, que pode ser usado para carregar sua prefeitura ou prefeitura.
Existem também iniciativas da sociedade civil que ajudam a diminuir a distância entre as informações que os cidadãos têm sobre sua cidade ou bairro e os dados oficiais de cada governo.
OU Datapedia reúne dados que formam um raio-x de cada um dos 5.570 municípios brasileiros. As informações permitem que você entenda melhor sua cidade e seus problemas. O site possui dados eleitorais, população, desemprego e renda, educação, saúde, saneamento básico, entre muitos outros.
OU “Você acordou?” é um aplicativo criado pela Transparência Brasil para monitorar a construção de creches e escolas públicas.
“Esse monitoramento visa encontrar obras que deveriam ter sido entregues e que não foram construídas com produtos diferentes daqueles oferecidos e pagos”, explica Juliana Sakai, diretora de operações da Transparência Brasil.
Por meio do aplicativo, as pessoas podem enviar fotos do trabalho de creches e escolas públicas financiadas por recursos federais. A imagem é enviada para um grupo de engenheiros voluntários, que avaliam as condições de trabalho. Em caso de problemas, a Transparência Brasil chama o governo responsável pela construção.
A ONG também lançou um serviço chamado Rank, que pretende monitorar a merenda escolar em escolas públicas brasileiras. Começa como uma conversa no Facebook, na qual o cidadão fornece informações sobre a execução de alimentos na escola.
Um novo programa de Conhecimento Aberto visa aumentar a transparência em todo o país de grupos interessados em controlar seus governos locais. OU Embaixadores Já possui voluntários em todos os estados e dezenas de cidades.
“Vamos acompanhar grupos interessados em realizar iniciativas de acesso a dados e ajudar com metodologias de construção de comunidades para adicionar pessoas em torno de uma idéia e apoiá-las com o conhecimento técnico adquirido durante a ‘Operação Serenata'”, diz Campagnucci