A Petrobras traçou um plano com projetos e produtos nas áreas de refino e gás natural nos quais pretende investir até 2030. O coração de seus negócios continua sendo o pré-sal. Mas os ativos das outras duas áreas que permanecem em seu portfólio também receberão dinheiro para se adaptarem a um novo ambiente de negócios, com mais concorrência e demandas ambientais.
Os insumos fósseis continuam sendo a prioridade da estatal. O plano para a próxima década não incluía projetos de energia renovável. A exceção é um estudo para instalação de aerogeradores flutuantes que devem fornecer energia para a operação de equipamentos submarinos nos campos do pré-sal.
O desenho do que a Petrobras quer ser no futuro foi apresentado aos seus colaboradores na última quinta-feira, dia 17, em um evento virtual. O Estadão / Broadcast teve acesso à apresentação dos colaboradores.
A empresa divide o planejamento das áreas de refino e gás natural em dois novos programas: Biorefino, para adaptação das unidades de processamento de óleo e gás para a descarbonização de derivados de petróleo; e Gás +, por meio do qual a empresa espera se preparar para um ambiente de mercado livre, com a entrada de concorrentes nos segmentos da rede em que deixou de participar.
No Biorefino, um dos pilares será a integração da Refinaria Duque de Caxias (RJ), na Baixada Fluminense, ao Gaslub, no município de Itaboraí, na região metropolitana do Rio. Gaslub é o novo nome que lhe foi dado para o Complexo Petroquímico do Estado do Rio. de Janeiro (Comperj), que teve as obras paralisadas e agora está sendo adaptado para processar parte do gás natural que será produzido no pré-sal da Bacia de Santos.
Dessa integração deverão surgir três tipos de produtos, que também terão como matéria-prima o petróleo do pré-sal: o diesel S-10, para consumo automotivo, os derivados de baixo teor de enxofre e os lubrificantes de segunda geração. A instalação de uma nova termelétrica de 1600 megawatts (MW) e o consumo de gás natural de 6 milhões de m³ por dia a plena carga ainda estão em avaliação para o Gaslub.
Para fazer frente a um cenário com exigências ambientais mais restritivas, a Petrobras também investe na fabricação de três novos derivados renováveis de óleo e gás. O diesel verde está sendo testado na refinaria do Paraná, mas ainda depende de definições regulatórias para comercialização. Bioqav será uma versão mais limpa do querosene de aviação que vende atualmente. E depois há a gasolina renovável. Todos os três produtos devem ser misturados com derivados de petróleo antes de serem comercializados.
Na área de Gás e Energia, o projeto contempla a associação de usinas de geração térmica ao gás natural do pré-sal, que pode ser utilizado como insumo. De acordo com a apresentação aos colaboradores, o programa Gas + será a “alavanca para a sustentabilidade do segmento”, assente na adoção de medidas inovadoras, eficientes e competitivas. Para isso, a Petrobras conta principalmente com o uso de ferramentas de marketing.
A ideia é oferecer produtos customizados de acordo com a demanda do cliente, que deve diferir em prazos e locais de entrega. Para isso, a empresa pretende criar mercados spot, de longo, médio e curto prazo na área de gás e energia.
Fonte: Estadão