A UE e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) estão tentando finalizar um acordo comercial depois de chegarem a um acordo de princípio em 2019, após duas décadas de negociações.
Mas a ratificação pelos 27 membros da UE está paralisada, principalmente devido às preocupações europeias com a proteção ambiental dos países do Mercosul, principalmente na floresta amazônica.
A UE propôs uma “carta paralela” ao acordo, com garantias ambientais adicionais, irritando os líderes sul-americanos e retardando o progresso em direção a um acordo final.
Bruxelas quer que qualquer acordo com as nações do Mercosul inclua o cumprimento de vários compromissos assumidos como parte dos acordos climáticos de Paris de 2015, que atualmente são voluntários.
A cúpula do Mercosul, que será realizada em Puerto Iguazú, na Argentina, reunirá o presidente argentino, Alberto Fernández, e os presidentes do Uruguai, Paraguai e Brasil: Luis Lacalle Pou, Mario Abdo Benítez e Luiz Inácio Lula da Silva, que assumirão responsabilidade do bloco da presidência pro-tempore até o final do ano.
O bloco representa 62% da população sul-americana e 67% do produto interno bruto do continente.
Lula do Brasil liderou as críticas às demandas ambientais da UE, dizendo a repórteres no mês passado que “os parceiros estratégicos devem ter uma relação de confiança mútua, não de desconfiança e sanções”.
O desmatamento na Amazônia aumentou sob o mandato do antecessor de Lula, o ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, no cargo de 2019 a 2022.
Mas enquanto o veterano esquerdista Lula se apresenta como o anti-Bolsonaro na política ambiental, ele disse à chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em junho, que estava preocupado com garantias ambientais adicionais.
Lula acusou os legisladores da UE de tentar legislar “fora de seu território” com medidas que “mudem o equilíbrio do acordo”.
O principal diplomata da UE, Josep Borrell, reconheceu recentemente que as propostas ambientais não foram bem recebidas pelos países sul-americanos e disse que a Europa espera uma resposta concreta aos seus pedidos.
Apesar das críticas do Brasil, os líderes ainda esperam chegar a um acordo.
A maior economia da América Latina quer chegar a um resultado “equilibrado” “para ambas as partes”, disse à AFP Maurício Carvalho, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.
Para Bruno Binetti, especialista em assuntos internacionais do think tank Inter-American Dialogue, em Washington, “o máximo” que pode sair da cúpula é “uma agenda específica perante a UE”, com “exigências”.
“Mas não acho que estejamos nesse estágio”, disse à AFP.