A economia do Brasil está imune ao COVID?
Alegar: “Pelos padrões mundiais, o Brasil saiu relativamente ileso da pandemia.” (O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, Podcast de Fluxo, nº 893:52 – 3:58, 8 de agosto de 2022)
Verificação de fatos do DW: Errôneo.
A declaração de Bolsonaro se refere exclusivamente às consequências econômicas da pandemia. Ele disse isso durante uma conversa de cinco horas no episódio de 8 de agosto do podcast “Flow”. Postado em várias mídias sociais, tem mais de 14 milhões de visualizações até o momento.
É compreensível que Bolsonaro queira dar boas notícias antes do primeiro turno das eleições de 2 de outubro. Mas o fato é que a pandemia está afetando o país. Segundo o Banco Mundial, após um baixo crescimento de 1,2% em 2019, a economia entrou em recessão em 2020, caindo 3,9%. Em 2021, a situação melhorou, com crescimento de 4,6%.
Esses desenvolvimentos também se refletiram no ranking das maiores economias do mundo. Entre 2010 e 2014, o Brasil ficou em sétimo lugar. Em 2020, caiu para 12º lugar e em 2021 para 13º, segundo a agência brasileira de classificação de risco Austin Rating.
Mas a economia está se recuperando. Após o aumento do crescimento econômico nos primeiros quatro meses deste ano, o país voltou a figurar entre as 10 maiores economias. O desemprego também está caindo, embora permaneça alto. De acordo com escritório de estatísticas do IBGEo número caiu de 14,2% no segundo trimestre de 2021 para 9,3% no segundo trimestre de 2022.
Conclusão: A pandemia foi um duro golpe econômico, mas a situação no Brasil está melhorando lentamente.
Deflação ou inflação?
Alegar:“Agora que estamos vendo as maiores quedas de preços em quase meio século, aqueles que me atacaram sobre a inflação estão alertando para o risco de um índice baixo.”
Verificação de fatos do DW: Falso.
Em 9 de agosto piarBolsonaro usou as estatísticas mensais de inflação para comemorar os “maiores cortes de preços em quase 50 anos”. À primeira vista, ele parece estar certo: a inflação de julho foi negativa, em -0,68%, segundo o IBGE.
Mas a taxa extremamente baixa em julho de 2022 é apenas um instantâneo. A inflação nos últimos doze meses foi de 10%, com alta de preços de 4,77% entre janeiro e julho.
Especialistas acreditam que a inflação continuará no futuro próximo. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, disse ao jornal brasileiro Folha de S.Paulo que prevêem uma inflação de 7,8 por cento para setembro. “Não devemos ser enganados. A deflação de julho foi baseada em incentivos fiscais”, disse ele.
No entanto, o Brasil tem uma longa experiência no combate à inflação. Cinquenta anos atrás, em 1972, a inflação era de 15,7%. Em 1982, havia atingido pouco mais de 100% e, em 1990, o país sofria de hiperinflação de mais de 1.000% ao ano.
Após a posse do presidente Fernando Henrique Cardoso (que foi presidente de 1995 a 2003), as taxas caíram e se estabilizaram na casa de um dígito, graças ao sucesso do Plano Real. Em 2017, o Brasil atingiu a menor taxa de inflação dos últimos 50 anos, de 2,95%.
Conclusão: Somente após a determinação da inflação acumulada para 2022, ficará claro se o Brasil pode realmente comemorar a maior queda de preços em quase meio século.
Disputa sobre urnas digitais
Alegar: “A contagem de votos deve ser pública. Se for mantido a portas fechadas em uma tesouraria, não é público.”
Verificação de fatos do DW: Falso
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil (TSE), o país é a quarta maior democracia do mundo, com 156 milhões de eleitores. É também o único país do mundo onde os resultados oficiais já são anunciados no dia das eleições.
A razão? Digitalização do processo eleitoral, com votação por cédula eletrônica desde 1996. Diferentemente do período anterior a 1996, não houve casos de fraude eleitoral no Brasil nos últimos 25 anos, diz o TSE.
A contagem dos votos começa na urna eletrônica, que conta os números e os encaminha para os tribunais eleitorais regionais. Todos os resultados são enviados automaticamente para o site do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil. As urnas eletrônicas também imprimem um registro dos resultados ao final de cada rodada de votação.
Bolsonaro questionou repetidamente a segurança da contagem eletrônica de votos e pediu que as Forças Armadas brasileiras monitorassem o processo e contassem os votos em paralelo. Isso gerou dúvidas entre os eleitores.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prometeu eleições seguras.
Para rebater as acusações do presidente, o TSE criou uma Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) com representantes da sociedade civil em setembro de 2021. Eles também fazem parte da comissão militar do Ministério da Defesa.
Além disso, há troca de informações com especialistas em segurança cibernética das Forças Armadas brasileiras, com militares também entre os observadores eleitorais cadastrados pelo TSE. O Ministério da Defesa do Brasil, chefiado pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, assegurou em nota que “a implantação dos militares, tanto na Comissão de Transparência quanto no controle do sistema eleitoral eletrônico, segue rigorosamente as normas estabelecidas pelo TSE .”
Conclusão: A afirmação de Bolsonaro de que o voto eletrônico não é seguro é falsa.
O escritório da DW no Brasil contribuiu para este relatório.
Este artigo foi escrito originalmente em alemão.