Centenas de embarcações operadas por mineradores ilegais migraram para um grande afluente do rio Amazonas devido a rumores de uma recente descoberta de ouro, enquanto as autoridades estaduais e federais estão presas à autoridade regulatória.
Lagoas de dragagem dedicadas à mineração ilegal foram agrupadas no rio Madeira, um importante afluente do Amazonas, de acordo com relatos da mídia.
“Contamos nada menos do que 300 jangadas. Eles estão lá há pelo menos duas semanas e o governo não fez nada”, disse o ativista do Greenpeace Brasil Danicley Aguiar à Reuters.
A corrida do ouro, desencadeada por rumores de que alguém havia encontrado ouro lá, começou quando os líderes mundiais se reuniram para uma conferência climática das Nações Unidas em Glasgow, onde o Brasil prometeu ter intensificado a proteção da floresta amazônica.
No entanto, o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro enfraqueceu a aplicação da lei ambiental desde que assumiu o cargo em 2019, fechando os olhos para invasões por madeireiros ilegais em terras indígenas públicas e protegidas.
O Madeira flui cerca de 2.000 milhas (3.300 quilômetros) de sua nascente na Bolívia, através da floresta tropical no Brasil e no rio Amazonas.
As jangadas de dragagem flutuaram rio abaixo da área de Humaitá, onde houve um aumento na extração ilegal de ouro, e foram vistas pela última vez a cerca de 400 milhas (650 km) de distância em Autazes, um município a sudeste. De Manaus, a maior cidade no Amazonas.
Um porta-voz do Ibama, órgão ambiental brasileiro, disse que a dragagem ilegal no rio Madeira não é responsabilidade do governo federal, mas sim do estado do Amazonas e de seu órgão ambiental IPAAM.
O IPAAM informou em nota que as jangadas ancoradas no rio eram de competência federal, cabendo à Agência Nacional de Minas (ANM) conceder as licenças e cabendo à Polícia Federal verificar se houve alguma prática. . O tráfego fluvial e a poluição eram a área da Marinha, disse o IPAAM.
A ANM disse que não era da sua competência, visto que apenas fiscalizava a mineração legal, enquanto a atividade criminosa era da competência da polícia e dos tribunais.
A Polícia Federal afirmou estar em busca da melhor forma de lidar com o problema e prevenir danos ambientais.
“É uma luta livre para todos. Nenhuma das autoridades está fazendo nada para impedir a mineração ilegal, que se tornou uma epidemia na Amazônia”, disse Aguiar, do Greenpeace Brasil.