Lionel Messi da Argentina e Neymar do Brasil após a interrupção do jogo.
Eles eram intrusos em campo por um bom motivo, afirmaram, para enfrentar jogadores a apenas sete minutos da partida das eliminatórias para a Copa do Mundo do Brasil com a Argentina.
Enquanto o grande argentino Lionel Messi e o brasileiro Neymar assistiam, a qualificação foi interrompida no domingo e o caos começou.
Quatro jogadores argentinos de clubes da Premier League inglesa foram acusados por agentes da agência de saúde do Brasil, Anvisa, de violar as regras de restrição ao coronavírus ao não declarar na chegada ao Brasil que estiveram na Inglaterra nos últimos anos.
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Mas por que a Anvisa demorou até domingo para intervir diretamente, dado o perfil dos jogadores e o quão aparentemente conhecidos eram seus movimentos?
A VIAGEM
Havia um foco considerável nas viagens da Inglaterra antes mesmo dos jogadores do Aston Villa Emiliano Martínez e Emiliano Buendia e da dupla do Tottenham, Giovanni Lo Celso e Cristian Romero, voarem para a América do Sul.
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A atenção inicial se concentrou nos requisitos da Grã-Bretanha para que qualquer pessoa que retornasse da América do Sul entrasse na quarentena obrigatória do hotel por 10 dias. Os clubes da Premier League concordaram coletivamente que ninguém viajaria para os jogos da CONMEBOL, desafiando uma ordem da FIFA que regulamenta o futebol mundial, dando-lhe poderes para liberar jogadores em seus países e organizando as Copas do Mundo que financiam.
O pedido do presidente da FIFA, Gianni Infantino, para que os jogadores fossem isentos da quarentena após viajarem para os países da chamada “lista vermelha”, foi rejeitado pelo primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Mas Villa acabou permitindo que seus jogadores fossem para a América do Sul com a condição de que jogassem apenas duas das três partidas da Argentina. Isso foi projetado para reduzir o tempo que os jogadores perderiam com o empregador da Villa.
“Acreditamos que este plano respeita as regras de convocação estabelecidas há muito tempo e equilibra a importância que os melhores jogadores dão na representação de seus países em partidas importantes com os interesses do Aston Villa”, disse o clube.
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Mas o Tottenham nunca disse nada sobre autorizar a viagem de Lo Celso e Romero.
A CHEGADA
A seleção argentina chegou ao Brasil na manhã de sexta-feira passada de Caracas, onde derrotou a Venezuela por 3 a 1 na noite anterior. Agora o foco é se, como alega a agência de saúde do Brasil, o quarteto não disse aos funcionários da imigração que eles estiveram na Grã-Bretanha nas duas semanas anteriores. A Grã-Bretanha está na lista vermelha do Brasil devido ao alto número de casos COVID-19.
Documento da secretaria de saúde do estado de São Paulo obtido por A Associated Press diz que a organização recebeu os primeiros rumores de jogadores dando informações falsas para entrar no país pouco antes da meia-noite, cerca de 15 horas depois de deixar o aeroporto.
O mesmo documento diz que Fernando Ariel Batista preencheu os formulários para todos os jogadores. Batista, técnico da seleção argentina Sub-20, negou na segunda-feira que tenha preenchido os formulários ou tenha viajado ao Brasil.
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A presença dos quatro jogadores ingleses no elenco era notória, assim como o fato de terem disputado a Premier League no final de semana anterior. A Anvisa informou pela primeira vez às autoridades do futebol brasileiro e argentino na manhã de sábado que os jogadores aparentemente forneceram informações falsas sobre sua chegada ao Brasil.
Em vez de deportar os jogadores, como a Anvisa apontou que era de sua competência, recomendou-se a quarentena. A Argentina também foi recomendada a buscar uma autorização de última hora do governo brasileiro, de acordo com o documento do estado de São Paulo.
Jogadores do Brasil e da Argentina falam enquanto autoridades de saúde interrompem uma partida de futebol durante uma partida de qualificação para a Copa do Mundo FIFA Qatar 2022 no estádio Neo Química Arena em São Paulo, Brasil, no domingo. | Crédito da foto: Andre Penner
Um documento separado do Ministério da Saúde obtido pela AP diz que o pedido final de isenção de quarentena para os jogadores foi negado às 15h09 de domingo, 51 minutos antes do início do jogo. A decisão foi enviada a Alejandro Domínguez, presidente da CONMEBOL, organização sul-americana de futebol.
“Quanto ao princípio da precaução, medidas excepcionais de entrada devem ser adotadas no país antes do embarque (voos para o Brasil), o que foi ignorado neste caso”, diz o documento, assinado pela vice-secretária executiva do Ministério da Saúde do Brasil, Alessandro de Vasconcelos. . “Recomendamos que os quatro atletas fiquem em quarentena no hotel, obedecendo às normas sanitárias em vigor no Brasil.”
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Apesar da cobertura da mídia questionar a liberdade de jogo dos jogadores, a partida começou com Lo Celso e Romero y Martínez em ação. O jogo durou apenas sete minutos, até que dirigentes da Anvisa entraram na quadra para tirar os quatro jogadores em questão.
Quanto o delegado da FIFA sabia sobre a disputa de quarentena com as autoridades brasileiras e poderia ter havido uma intervenção para deter os jogadores disputados que participaram da partida? Agora, o comitê disciplinar da FIFA vai analisar os relatórios do delegado e do árbitro da partida.
O Brasil permaneceu em campo sob as instruções do treinador e a equipe realizou um treino. A Argentina voltou para seu vestiário e ficou lá por horas até ir direto para o aeroporto.
O JOGO SUSPENSO
O placar estava 0-0 quando o jogo foi interrompido. A CONMEBOL diz que foi suspenso, em vez de abandonado. Mas o jogo não será retomado esta semana, com mais jogos na noite de quinta-feira pelos times. Se a Argentina for considerada culpada, o Brasil provavelmente obterá uma vitória por 3 a 0 por padrão, ajudando na sua tentativa de se classificar para a Copa do Mundo do próximo ano, no Catar.
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“O jogo poderia ter continuado, a interrupção foi uma decisão dos executivos do esporte”, disse o diretor da Anvisa, Alex Campos. “A Argentina tentou pressionar as autoridades brasileiras e decidiu sair se não tivesse esses jogadores.”
A POLÍCIA
A Polícia Federal brasileira disse na segunda-feira que está investigando os quatro jogadores por supostamente fornecerem informações falsas na chegada a São Paulo. Eles foram autorizados a retornar a Buenos Aires na noite de domingo depois de dar declarações por escrito.
A Casa Civil do Brasil afirmou em nota que não recebeu pedidos de isenções excepcionais para jogadores argentinos. Uma questão controversa é quem deveria ter requerido as isenções: os anfitriões ou os visitantes.