LONDRES, 21 Abr (Reuters) – O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira que a independência do banco é crucial para a economia do país à medida que aumenta a pressão política para cortar custos de empréstimos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros políticos pressionaram o banco a reduzir as taxas de juros de referência, que estão em 13,75%, a maior alta em seis anos. Mas Neto, falando na conferência Lide Brasil, em Londres, defendeu as ações do banco.
“O que fazemos é por razões técnicas, não políticas”, disse Campos Neto, acrescentando que baixar os juros “só funciona com crédito se houver credibilidade”.
“Antes cortávamos os juros e ao invés de aumentar o crédito, ele caía, porque não havia credibilidade para fazer esse movimento”, disse.
Campos Neto também disse não acreditar que a inflação esteja sendo impulsionada por restrições de oferta, defendendo as altas taxas de juros e as metas técnicas que o banco está usando para determinar suas ações.
O Brasil tem uma meta de inflação de 3,25% para 2023, que cairá para 3% em 2024, mas os preços ao consumidor chegaram a 4,65% nos 12 meses até março. O próximo comitê de política monetária do banco central será nos dias 2 e 3 de maio, de acordo com seu calendário.
Campos Neto disse que o Banco Central do Brasil fez a maior alta de juros da história mundial durante um período eleitoral, o que “mostra que o Banco Central é bastante independente”.
“Fomos muito independentes durante o processo eleitoral (presidencial). Se não tivéssemos aumentado os juros durante as eleições, a inflação seria maior”, disse Campos Neto durante a Conferência Lide Brasil em Londres.
Pouco antes de Campos Neto falar na conferência de Londres, o líder do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou abertamente as altas taxas de juros durante o mesmo evento, argumentando que altas taxas estavam prejudicando o crescimento.
“Tenho certeza de que o banco central será muito capaz de reduzir as taxas de juros”, disse Pacheco.
Campos Neto disse não acreditar que a independência do banco esteja ameaçada, acrescentando: “O debate sobre juros é normal. Precisamos melhorar a comunicação sobre o que fazemos, como tomamos decisões”.
No início deste mês, Lula sugeriu uma possível mudança de meta, chamando os altos custos de empréstimos do país de “inexplicáveis”, enquanto ele continuava pressionando por taxas de juros mais baixas.
“O timing do banco central é técnico e é diferente do timing político. O custo de combater a inflação é alto, mas o custo de não combater a inflação é muito maior.”
Reportagem de Libby George, Edição de Jorgelina do Rosario
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