Apesar da pressão dos bolonaristas contra a conta de notícias falsas, a Câmara discutirá a proposta esta semana. “Vamos começar a discutir esta semana”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para Broadcast, o serviço de notícias em tempo real do Estadão, neste domingo 5.
Controvérsia e críticas ao Presidente. Jair Bolsonaro, o projeto foi aprovado pelo Senado no dia 30 e propõe um marco inédito na regulamentação do uso de redes sociais, criando a chamada Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. O chefe do Planalto, que faz uso frequente das mídias sociais para fazer política e conversar com seus seguidores, prometeu vetar a medida.
A proposta exige que as plataformas digitais adotem um nível mais alto de controle na divulgação de notícias falsas na Internet, tendo que aplicar, por exemplo, autenticação de todos os perfis nas redes sociais e limitar a capacidade de espalhar a mesma mensagem. As empresas de tecnologia são contra o projeto.
No dia 4 de sábado, Maia defendeu a proposta durante uma conferência na web promovida pelo grupo de advogados Prerrogativas. Ele citou que o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), alvos constantes dos bolonaristas, foram afetados por notícias falsas e que é necessário enfrentá-los.
“Ninguém aqui quer discutir ou abrir mão da liberdade de expressão, mas precisamos de regras, claramente, para conseguir dinheiro, sem dúvida, quem financia todos esses movimentos aqui e no mundo, quais são as intenções, como elas afetam” , disse.
O presidente da Câmara avaliou que a eleição de Bolsonaro em 2018 não foi decisiva devido às notícias falsas, mas “o resultado dos erros daqueles que lideraram o Brasil nos últimos anos ou décadas”. No entanto, ele disse que o efeito da desinformação no processo democrático é “muito sério”. Maia citou a existência de grupos articulados para atacar o Congresso e a Suprema Corte como se o Presidente da República tivesse poderes absolutos e pudesse anular outras instituições.
Pressão
O projeto de notícias falsas foi aprovado pelo Senado com 44 votos a favor e 32 contra. Os votos a favor vieram dos aliados do Presidente da Câmara, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da oposição. As posições opostas, por sua vez, eram as de funcionários do governo e da ala Lavajat. Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro intensificaram a pressão contra a proposta após sua aprovação.
O próprio chefe do Planalto prometeu vetar a medida se tiver a aprovação da Câmara. Na quinta-feira 2, ele citou a possibilidade de submeter a lei a uma “consulta popular” para decidir quais pontos serão vetados. “Se o projeto der certo, nós o sancionamos. Se vier como aconteceu (no Senado), não há como parar de vetar”, disse Bolsonaro durante o Live, na última quinta-feira. Os líderes evangélicos que apoiavam o Presidente da República também se opuseram à mudança na lei, argumentando que isso colocaria uma “mordaça” nos usuários das redes sociais.
Se o presidente bloquear o projeto, o Congresso poderá anular o veto. O cálculo dos bolsistas é que, nesse caso, há uma maior necessidade de votos para manter o conteúdo da proposta. Ao votar um projeto de lei, apenas o voto favorável da maioria dos parlamentares presentes em uma sessão é necessário. No entanto, para revogar o veto, o quorum necessário é de 257 votos para deputados e 41 para senadores, independentemente do número de congressistas presentes.