“Chega um momento em que o caldo derrama. E o caldo derramou no nosso momento ”, declarou o vice-presidente, Hamilton Mourão, ao negar a responsabilidade do governo Bolsonaro em aumentar o desmatamento e as queimadas na Amazônia.
“Os problemas não acontecem desde 1º de janeiro”, justificou o presidente do Conselho da Amazônia, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (5), em Manaus, no segundo dia de viagem de uma delegação federal à Amazônia.
Programado para durar três dias, era planejou mudar a imagem negativa Brasil contra governos estrangeiros, que exigem maior proteção da floresta e controle do desmatamento e incêndios, que bateu recordes em 2020.
A delegação chegou ao Amazonas na última quarta-feira (4), trazendo, além do vice-presidente, que também é presidente do Conselho da Amazônia, os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, da Secretaria de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Defesa, Fernando Azevedo. A visita do Ministro da Saúde e dos Negócios Estrangeiros foi cancelada.
Também embarcaram na viagem chefes de missões diplomáticas de dez países: África do Sul, Peru, Espanha, Colômbia, Canadá, Suécia, Alemanha, Reino Unido, França e Portugal, além de representantes da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica ) e Jornalistas da União Europeia e estrangeiros.
O descontrole das queimadas e o avanço do desmatamento na Amazônia levaram oito países a enviar uma carta ao governo Bolsonaro em setembro, ameaçando cortar as importações de produtos brasileiros, caso o Brasil não adotasse medidas eficazes de combate à devastação. do Bosque.
Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de janeiro a 4 de novembro foram registrados 94.437 incêndios na Amazônia, 5% a mais do que os 89.176 focos identificados no ano passado.
Os alertas de desmatamento cresceram 34,5% na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020, em relação ao mesmo período dos anos anteriores, destaca o Inpe.
A rota exclui áreas críticas
Ainda nesta quarta-feira, a delegação sobrevoou a região da BR-163, no Pará, e a Região Metropolitana de Manaus (RMM). A rota escolhida pelo governo foi criticado por ambientalistas por não cobrir áreas onde o desmatamento e os incêndios são mais críticos, como a região de Apuí, no sul do Amazonas, que foi ignorada pela programação.
Greenpeace até publicou um relatório script alternativo por representantes dos dez países, que passariam, além do sul do Amazonas, por Parna (Parque Nacional) e Flona (Floresta Nacional) Jamanxin, Esec (Estação Ecológica da Terra do Meio e TI (Terra Indígena) Cachoeira Seca, no Pará, onde mineração ilegal e desmatamento crescem.
“Apesar do tempo nublado, foi possível ver áreas protegidas e outras afetadas pela mineração ilegal e queimadas”, disse Mourão, que justificou o percurso alegando que a Amazônia é “muito grande” e que seria “impossível” mostrar todas essas áreas em apenas três dias. .
Por isso, o governo optou por sobrevoar áreas onde há “cicatrizes” na floresta, como são chamadas de áreas de desmatamento recente, além de áreas preservadas e programas federais, como o assentamento, explicou o vice-presidente.
No entanto, os modelos de produção mais criticados na Amazônia, que são grandes monoculturas e grandes desmatamentos para a pecuária, não foram “visitados” durante o sobrevoo.
Para o ministro Augusto Heleno, as reportagens de ambientalistas e jornalistas sobre “incêndios gigantes” na Amazônia “não correspondem à verdade”.
“Temos 85% da floresta preservada. Um incêndio gigantesco na Amazônia, a fumaça chegaria a Londres ”, disse o ministro, que reconheceu que houve demora no combate aos incêndios. “Houve um atraso, nossos recursos eram limitados, estávamos no meio de uma pandemia”.
Programação
Em Manaus, a delegação também visitou as quatro (4) instalações militares, como Cigs (Centro Integrado de Guerra na Selva) e Censipam (Centro de Gestão e Operações do Sistema de Proteção da Amazônia).
A programação desta quinta-feira (5) incluiu uma visita ao PIC (Projeto de Colonização Integrada) Bela Vista, em Iranduba, região metropolitana de Manaus, um passeio pelo Encontro das Águas, uma visita ao laboratório de investigação de crimes ambientais da PF (Polícia Federal) no Amazonas e recepção no CMA (Centro Militar da Amazônia), onde foi realizada a coletiva de imprensa, que começou com duas horas de atraso.
No último dia da visita à Amazônia, a delegação chefiada por Mourão irá à região do Alto Río Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira, onde visitará a Casa de Apoio à Saúde Indígena, e na comunidade de Maturacá, onde se encontrarão com o Pelotão de Fronteira do Exército.