LISBOA, 23 Abr (Reuters) – Funcionários do governo brasileiro estão usando a primeira visita de seu presidente à Europa desde que foi eleito para aumentar a conscientização e combater a discriminação racial enfrentada pela comunidade brasileira em Portugal e em outros lugares.
A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, foi uma das autoridades que viajou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua missão era trazer discussões sobre racismo para a mesa.
“Não seremos capazes de resolver 523 anos de problemas em uma visita, mas espero que possamos seguir em frente porque é para isso que estamos aqui”, disse Franco a repórteres no domingo, referindo-se a séculos de opressão que os negros enfrentam. .
Franco é irmã de Marielle Franco, uma vereadora negra do Rio de Janeiro que lutou por justiça racial e foi morta a tiros em 2018.
Quando foi eleito, Lula disse que seu objetivo era atacar o racismo e o legado da escravidão no Brasil. Os navios portugueses transportaram quase 6 milhões de africanos escravizados para a escravidão. A maioria foi para o Brasil.
O principal grupo de direitos humanos da Europa disse anteriormente que Portugal teve que enfrentar seu passado colonial e seu papel no comércio transatlântico de escravos para ajudar a combater o racismo e a discriminação no país hoje.
“Vamos construir um futuro sem esquecer as dívidas do passado”, escreveu Franco no Instagram. “Vamos construir um futuro onde a cooperação seja mútua entre os países para buscar justiça e reparação.”
Em carta a Lula no domingo, a associação de imigrantes Casa do Brasil, com sede em Lisboa, disse que os casos de discriminação contra brasileiros em Portugal estão aumentando.
Um estudo da Casa do Brasil mostrou que 91% dos brasileiros em Portugal, comunidade de cerca de 300 mil habitantes, já enfrentaram algum tipo de discriminação no acesso aos serviços públicos.
Franco se reuniu com a ministra de Assuntos Parlamentares de Portugal, Ana Catarina Mendes, no sábado, para discutir políticas para lidar com a injustiça racial.
Ambos os governos concordaram com uma estratégia nacional para combater o racismo.
“Temos que fazer isso acontecer”, disse Franco.
Reportagem de Catarina Demony; Editado por Christina Fincher
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