RIO DE JANEIRO (AP) – Autoridades de saúde confirmaram o terceiro caso conhecido da variante do coronavírus omicron no Brasil na quarta-feira, enquanto as autoridades examinavam possíveis novas medidas para conter o vírus, como exigir comprovante de vacinação ou mesmo descartar carnaval se as condições piorarem.
Um passageiro da Etiópia testou positivo para Covid-19 ao pousar em São Paulo em 27 de novembro, disse o secretário de saúde do estado em um comunicado. O homem de 29 anos foi vacinado com duas doses da vacina Pfizer e está bem de saúde, disseram as autoridades.
A notícia veio um dia depois que autoridades de saúde brasileiras relataram casos confirmados da variante omicron em dois viajantes que chegavam da África do Sul, os primeiros casos desse tipo na América Latina.
Ainda não se sabe muito sobre a nova variante, incluindo se é mais contagiosa, como algumas autoridades de saúde suspeitam, se deixa as pessoas mais doentes e se pode impedir a vacina.
O número de mortes diárias e novas infecções do vírus é atualmente baixo, e a cobertura de vacinação é maior do que em muitos países, incluindo os Estados Unidos. Mas o Brasil sofreu muito com a pandemia do coronavírus, com mais de 610.000 mortes, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Os prefeitos e governadores brasileiros, encarregados de implementar medidas locais para conter o COVID-19, acompanhavam de perto o desenvolvimento da situação, aguardando mais informações sobre a nova variante.
No Rio de Janeiro, onde o Reveillon e o Carnaval costumam atrair milhões de visitantes cada, o prefeito Eduardo Paes disse que os dois eventos ainda estão programados, mas avisou que só seguirão em frente se for seguro organizá-los.
“Gostaria de lembrar que planejar um evento não significa necessariamente que ele ocorrerá. Afinal, é perfeitamente possível cancelar o que foi planejado ”, disse Paes na terça-feira em um comunicado gravado.
O governador de São Paulo, João Doria, também disse terça-feira que a comissão científica estadual do COVID-19 vai reavaliar o fim dos mandatos das máscaras agendados para 11 de dezembro.
O governo federal disse terça-feira que necessita de “mais esclarecimentos” sobre a situação epidemiológica em Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia antes de decidir sobre a suspensão dos voos a partir destes países, conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conhecida por Anvisa.
O país sul-americano já bloqueou voos com origem ou escala na África do Sul, Botswana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Rodrigo Cruz, o segundo colocado no Ministério da Saúde, disse na quarta-feira que o país também debate se exige certificados de vacinação dos passageiros que chegam. Atualmente, o Brasil não exige a vacinação COVID-19 para viajantes estrangeiros que entram no país.
Em nota técnica enviada ao governo em 12 de novembro, a Anvisa solicitou ao governo que considerasse tal medida, citando um aumento de 4,6% na atividade turística em outubro e as próximas festas de fim de ano.
A falta de exigência de vacinas “pode permitir que o Brasil se torne um dos países preferidos dos turistas e viajantes não vacinados, o que é indesejável do ponto de vista do risco que esse grupo representa para a população brasileira”, disse a Anvisa.
Outros casos suspeitos estão sendo investigados, inclusive nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, com um número final previsto para ser divulgado ainda nesta quarta-feira, informou o Ministério da Saúde.