Os legisladores do Brasil votaram por conceder autonomia ao banco central em uma medida que visa melhorar a reputação do país entre os investidores internacionais, eliminando o risco de interferência política na política monetária.
A legislação foi aprovada pelos deputados federais na Câmara dos Deputados na quarta-feira, após um atraso de quase um ano após a crise do coronavírus e as eleições locais.
Pela lei, o diretor do banco continuará a ser nomeado pelo executivo e estará sujeito à confirmação do Senado. Mas eles estarão legalmente protegidos de serem demitidos pelo governo por desacordos sobre política monetária.
Como membro de um conselho colegiado de oito diretores, o presidente do banco terá mandato de quatro anos, renovável uma vez, embora o mandato expire na metade do mandato presidencial.
A mudança dará ao atual presidente do banco central Roberto Campos Neto, educado nos Estados Unidos, um reinado mais livre, que assumiu o cargo em 2019. Sob a supervisão do ex-corretor, o banco cortou a taxa básica de juros Selic para o mínimo histórico de 2 por cento. cent – significativo em um país com um legado de alta inflação.
A legislação dá um impulso à agenda de reforma econômica do presidente Jair Bolsonaro, que fracassou amplamente desde a aprovação de uma importante lei de poupança previdenciária em 2019.
Com Paulo Guedes, o ministro da Fazenda, o governo de direita buscou promover reformas estruturais radicais para liberalizar a maior economia da América Latina, que vem sofrendo desde uma recessão profunda há cinco anos.
Os planos do governo foram baleados no braço neste mês, quando dois aliados políticos reivindicaram os primeiros lugares em ambas as casas do Congresso.
Arthur Lira, o novo presidente da Câmara dos Deputados, escreveu no Twitter: “A aprovação da independência do banco central representa justamente a proteção da instituição de qualquer ingerência política, uma conquista histórica do país, há muito apreciada e finalmente alcançado. agora “.
O projeto agora vai para o presidente para aprovação. Mas com uma janela estreita antes do início da campanha eleitoral presidencial no próximo ano, as outras prioridades legislativas do governo provavelmente serão mais complexas e controversas. Isso inclui a privatização de empresas estatais e a reforma do labiríntico sistema tributário do país.
A independência do banco central é debatida no Brasil há três décadas. Embora a instituição já seja considerada independente na prática, os críticos alegaram que houve pressão política sob a ex-presidente de esquerda Dilma Rousseff para cortar as taxas de juros na tentativa de reanimar a economia em crise.
Economistas alertaram que uma grande preocupação entre os investidores estrangeiros é como o governo lida com seus empréstimos, que representam mais de 90% do produto interno bruto, o valor mais alto de qualquer grande economia em desenvolvimento, exceto a China.
“É um passo importante colocar preto e branco em termos de legislação, mas em termos práticos, nada vai mudar se não tivermos um projeto de sustentabilidade do lado da política fiscal”, disse Carlos Braga, professor de economia do Dom. Fundación Cabral.
“Se não tivermos cuidado com a questão do déficit e da dívida pública em 2021 e 2022, continuaremos tendo uma série de dúvidas sobre o futuro da economia brasileira.”
O projeto de lei do banco central enfrentou oposição de políticos, principalmente de esquerda, que defendiam que o mandato da instituição abrangeria as metas de crescimento econômico e emprego, além da inflação.
“Em meio à pandemia, a prioridade deve ser garantir mais dignidade aos brasileiros, com socorro emergencial e vacinas para todos”, disse Alessandro Molon, deputado do Partido Socialista Brasileiro.
Informações adicionais de Carolina Pulice