O ex-líder Jair Bolsonaro planeja fazer um tour pelo Brasil e promover o conservadorismo, em oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, voltou ao Brasil, onde foi recebido por centenas de apoiadores no aeroporto da capital, Brasília, para recebê-lo após três meses de exílio autoimposto.
Apoiadores com bandeiras brasileiras nos ombros cantaram o hino nacional e entoaram “lenda” quando Bolsonaro chegou da Flórida, Estados Unidos, na manhã desta quinta-feira.
Bolsonaro, de 68 anos, que nunca admitiu derrota nas eleições do ano passado, deve liderar a oposição ao presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva, disseram representantes do Partido Liberal.
Antes de embarcar em um avião em Orlando, na Flórida, Bolsonaro minimizou seu papel de liderança e disse que usará sua experiência para ajudar a campanha de seu partido nas eleições municipais do ano que vem, acrescentando que a votação que perdeu em outubro é um capítulo encerrado.
“Viramos a página e agora vamos nos preparar para as eleições do ano que vem”, disse à CNN Brasil pouco antes de embarcar.
Mas “não vou liderar nenhuma oposição”, disse ele.
“Você não tem que se opor a este governo. Ele cria a oposição para si mesmo.”
A Secretaria de Segurança do Distrito Federal mobilizou centenas de policiais e a Esplanada dos Ministérios foi fechada para evitar concentrações de apoiadores de Bolsonaro. Em 8 de janeiro, apoiadores de Bolsonaro invadiram prédios em Brasília, sede dos três Poderes do Estado, na tentativa de anular violentamente as eleições.
Ao retornar, Bolsonaro dirigiu até a sede de seu Partido Liberal em Brasília, onde se reuniu com apoiadores e membros da oposição conservadora do país.
“Ele voltou porque há um clamor popular pelo seu retorno ao Brasil, pois é o único líder de extrema-direita no país no momento”, disse Guilherme Casaroes, pesquisador do Observatório de extrema-direita, à Al Jazeera em entrevista à televisão. entrevista.
“Uma das coisas que Bolsonaro pode ter considerado em seu retorno ao Brasil é que, se ele demorar muito, alguns outros políticos podem tentar preencher o vácuo de liderança política na direita.”
Casaroes disse que isso seria difícil devido à estatura de Bolsonaro na direita brasileira e que, ao voltar para casa para expressar sua oposição ao governo de Lula, Bolsonaro estaria “bem posicionado para concorrer às eleições de 2026”.
Embora Bolsonaro conte com o apoio da direita brasileira, seu caminho para a reeleição pode ser complicado por uma série de desafios legais. Bolsonaro partiu para os Estados Unidos dois dias antes de entregar a faixa presidencial a Lula, em 1º de janeiro, dizendo que precisava descansar. Mas os críticos dizem que ele estava evitando as mais de uma dúzia de investigações legais que poderia enfrentar no Brasil.
As investigações legais se concentraram em seu suposto papel em encorajar apoiadores a invadir prédios do governo nos distúrbios de 8 de janeiro.
O ex-líder também é alvo de uma investigação policial que explora alegações de que funcionários de seu governo tentaram trazer joias no valor de milhões de dólares para o país sem declarar, após uma viagem à Arábia Saudita em 2021.
Os tribunais eleitorais do Brasil estão investigando suas ações durante a campanha do ano passado, particularmente em relação às suas alegações infundadas de que o sistema de votação eletrônica é suscetível a fraudes. Se Bolsonaro for considerado culpado em algum desses casos, perderá seus direitos políticos e não poderá concorrer às próximas eleições.
‘Não estou aposentado’
Pela primeira vez em 30 anos, o legislador que se tornou presidente não ocupa um cargo eletivo.
Bolsonaro, que considera o ex-presidente dos EUA Donald Trump como seu ídolo político, participou da Conferência de Ação Política Conservadora em Washington, DC neste mês, onde questionou o resultado da eleição de outubro de Lula, vencida por pouco. Ele disse que sua missão no Brasil “ainda não acabou”.
“Estou sem mandato, mas não estou aposentado”, disse Bolsonaro à rede de televisão Jovenm Pan na segunda-feira.
Seu retorno ao Brasil foi repetidamente adiado e alguns especularam que ele poderia adiá-lo indefinidamente devido a seus problemas legais. Steve Bannon, um aliado de longa data de Trump e considerado um estrategista global de extrema-direita, disse ao jornal Folha de SPaulo esta semana que Bolsonaro nunca deveria ter deixado o país e descartou a importância das investigações.
Agora que Bolsonaro voltou, seu primeiro objetivo será construir oposição ao governo Lula, disse Mayra Goulart da Silva, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Bolsonaro decidiu voltar ao Brasil porque não surgiu um claro líder de oposição ao governo”, disse da Silva.