O presidente de extrema-direita diz que dois juízes favorecem seu rival de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, antes das eleições de outubro.
O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, acusou dois membros do Supremo Tribunal de tomar partido nas eleições deste ano e favorecer o líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro critica os juízes Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes há meses por decisões contra suas políticas e investigações sobre o presidente, incluindo uma por espalhar notícias falsas relacionadas ao COVID-19.
Lula, que foi presidente do Brasil de 2003 a 2010, passou um ano e meio na prisão por acusações de corrupção que foram derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado, permitindo-lhe concorrer novamente este ano.
Bolsonaro e Lula devem se enfrentar em uma eleição polarizada em outubro, embora nenhum dos dois tenha declarado formalmente que vão concorrer.
“Barroso e Alexandre de Moraes querem que Lula seja presidente”, disse Bolsonaro em entrevista à televisão na quarta-feira. “Ok, eles podem não querer votar em mim, mas eles querem o homem que roubou da nação por oito anos de volta ao cargo?”
Barroso decidiu no mês passado exigir comprovação de vacinação de todos os viajantes que chegam ao Brasil, uma medida contrária à visão de Bolsonaro, que é cético em relação às vacinas. De Moraes supervisiona cinco investigações do presidente, incluindo uma em seus comentários associando falsamente as vacinas contra o coronavírus à AIDS.
Os últimos comentários de Bolsonaro, que enfrentou críticas generalizadas e protestos sobre o manejo da pandemia de coronavírus, ocorreram quando as pesquisas mostram Lula com uma clara vantagem sobre o líder de extrema-direita antes das próximas eleições.
Lula teria 45 por cento dos votos contra os 23 por cento de Bolsonaro se as eleições fossem hoje, segundo pesquisa do Banco Genial/Quaest Pesquisas publicada na quarta-feira.
Lula ganharia um segundo turno contra Bolsonaro por 54% a 30%, disse ele.
A pesquisa de Quaest mostrou que o apoio a ambos os candidatos caiu 2 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior em dezembro. O ex-juiz anticorrupção Sergio Moro, que ocupa o terceiro lugar nas pesquisas, também caiu um ponto, para 9% das intenções de voto.
À medida que os casos de COVID-19 aumentam no Brasil com a disseminação da variante Omicron, a pesquisa mostrou que 72% dos brasileiros pesquisados são a favor da vacinação de crianças, o que Bolsonaro se opõe.
Os números negativos da avaliação de Bolsonaro permanecem inalterados nos 50% dos eleitores que acham que seu governo é ruim ou terrível. Cinquenta e cinco por cento das mulheres brasileiras pesquisadas expressaram essa opinião, em comparação com 45 por cento dos homens.
Mais de 620.000 pessoas morreram com o coronavírus desde o início da pandemia, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, enquanto mais de 22,6 milhões de infecções também foram relatadas.
Enquanto isso, 73% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro fez um trabalho ruim no combate à inflação, que atingiu uma alta de mais de 10% em seis anos em 2021, mostraram dados do governo na terça-feira.