RIO DE JANEIRO, 14 Dez (Reuters) – O BNDES não vai mais vender as ações que possui na Eletrobras. (ELET6.SA) este ano, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto, citando a falta de tempo para finalizar uma possível venda de uma participação na empresa, bem como a piora das condições macroeconômicas.
A Eletrobras, maior concessionária de serviços públicos da América Latina, foi privatizada no início de 2022, quando o governo federal diluiu sua participação na empresa, mas um bloqueio impediu a venda de ações adicionais até o início de dezembro.
Quando o prazo chegou, os mercados esperavam que o BNDES vendesse parte de sua participação na empresa, formalmente conhecida como Centrais Elétricas Brasileiras SA.
O jornal local Valor Econômico informou no início deste mês que o BNDES estava avaliando uma venda de 7 bilhões de reais (US$ 1,3 bilhão) de sua participação na Eletrobras em uma transação em bloco.
Segundo as fontes, que falaram sob condição de anonimato, o banco de fomento fez avaliações internas de uma possível transação, mas a ideia não deu certo.
“O banco não vai vender essas ações da Eletrobras, decisão tomada”, disse uma das pessoas próximas ao assunto.
O BNDES não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Uma segunda fonte também disse que a possibilidade foi considerada, mas o prazo era muito curto e também haveria obstáculos de governança para que a transação fosse concluída.
O BNDES possui 74,55 milhões de ações ordinárias da Eletrobras diretamente e 71,96 milhões por meio de seu veículo de investimento BNDESPar, segundo dados da Refinitiv.
Venda de ações de empresas como Eletrobras, mineradora Vale SA (VALE3.SA) e refrigeradores JBS SA (JBSS3.SA) e Marfrig Global Foods SA (MRFG3.SA) foi um grande gerador de lucros para o BNDES durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A estratégia provavelmente mudará no próximo ano, no entanto, já que Bolsonaro recentemente teve sua candidatura à reeleição frustrada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que deve interromper esses desinvestimentos após assumir o cargo em 1º de janeiro.
Os investidores ficaram intrigados com algumas das decisões de Lula, incluindo a nomeação de um veterano de seu Partido dos Trabalhadores, Aloizio Mercadante, como o próximo chefe do BNDES.
Uma das fontes disse que a piora das condições econômicas também impossibilitou o BNDES de vender ações da Eletrobras.
“Quando você tem uma grande mudança macro, e foi o que aconteceu agora, você precisa refazer muito do trabalho”, disse a fonte. “O ‘risco Brasil’ hoje é muito maior, os juros são maiores, então a análise interna tem que ser refeita e atualizada.”
(US$ 1 = 5,3266 reais)
Reportagem de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro Escrito por Gabriel Araujo Editado por Matthew Lewis
Nossos padrões: Os Princípios de Confiança da Thomson Reuters.