WASHINGTON – O secretário de Estado, Antony Blinken, tentará reduzir as chances de um erro de cálculo em uma rara visita a Pequim, disseram autoridades, mas ambos os lados esperam que as tensões de longo prazo aumentem.
O Departamento de Estado confirmou que Blinken viajará a Pequim neste fim de semana na primeira viagem de um diplomata norte-americano em quase cinco anos, reagendando uma visita que foi cancelada em fevereiro, quando os EUA disseram ter avistado um balão espião chinês.
Antes da viagem, Blinken falou por telefone com o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, enfatizando “a importância de manter as linhas de comunicação abertas para administrar com responsabilidade” o relacionamento, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
As relações entre as duas maiores economias do mundo afundaram nos últimos anos por causa de Taiwan, comércio e direitos humanos, entre uma série de outras questões.
Daniel Kritenbrink, o principal funcionário do Departamento de Estado do Leste Asiático, disse que os Estados Unidos são “realistas” sobre o que Blinken pode realizar.
“Não vamos a Pequim com a intenção de alcançar algum tipo de avanço ou transformação”, disse Kritenbrink a repórteres.
Em vez disso, Blinken vem com um “desejo sincero de administrar nossa concorrência da maneira mais responsável possível”.
Os Estados Unidos esperam que a viagem “reduza, no mínimo, o risco de erros de cálculo, para que não sejamos desviados para um conflito potencial”.
Os legisladores dos EUA de todos os partidos falaram da China como o principal concorrente da América, mesmo quando o presidente Joe Biden também está focado em conter a invasão russa da Ucrânia.
“Sabemos que os esforços para moldar ou reformar a China ao longo de várias décadas falharam”, disse Kurt Campbell, que chefia a política para a Ásia na Casa Branca.
“Esperamos que a China esteja presente, seja um jogador importante, no cenário mundial pelo resto de nossas vidas”, disse ele a repórteres.
“NOVAS DIFICULDADES”
Apesar de ter feito um convite a Blinken, a China adotou um tom de confronto na leitura da ligação, dizendo que Qin alertou que as relações entre os dois países enfrentaram “novas dificuldades e desafios” desde o início do ano.
“Está claro quem é o responsável”, disse Qin, segundo o Ministério das Relações Exteriores da China.
“A China sempre viu e administrou as relações China-EUA de acordo com os princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha apresentados pelo presidente Xi Jinping”, acrescentou.
Campbell disse que os Estados Unidos também esperam mais “movimentos provocativos” da China em relação a Taiwan, a democracia autônoma reivindicada por Pequim.