Por Douglas Busvine
BERLIM (Reuters) – A colaboração da Apple com o Google acelerará a implantação de sistemas de monitoramento de infecções por coronavírus, afirmou o principal grupo europeu por trás de um projeto usando a tecnologia sem fio Bluetooth.
Especialistas em tecnologia estão usando o padrão de comunicação sem fio de curto alcance habilitado para Bluetooth para medir o risco de uma pessoa infectada com o coronavírus transmitir a doença a outra.
A Apple e o Google disseram na semana passada que lançarão ferramentas que darão suporte a esses aplicativos em maio, com a total integração dos recursos Bluetooth em seus sistemas operacionais.
Chris Boos, que lidera a plataforma conhecida como PEPP-PT https://www.pepp-pt.org, diz que a associação comercial pode encurtar o caminho do desenvolvimento.
“Precisamos nos preocupar menos com a estabilidade do sistema operacional e a calibração do dispositivo”, disse Boss, fundador da startup de automação de processos Arago. O PEPP-PT planeja lançar uma atualização de desenvolvimento na sexta-feira.
CADEIA DE INFECÇÃO
O coronavírus pode ser transmitido por pessoas que não apresentam sintomas, o que, segundo especialistas, aumenta a necessidade de esforços para romper a cadeia de infecção quando alguém tem um resultado positivo para a doença.
A tecnologia digital pode ajudar nessa tarefa, dando às pessoas avisos para procurar médicos ou adotar quarentenas, dizem os apoiadores, reduzindo a necessidade de proibir as medidas comerciais adotadas por muitos governos ao redor do mundo.
Os defensores do Bluetooth dizem que a tecnologia pode ser mais precisa e menos invasiva ao registrar a proximidade e a duração dos contatos pessoais do que o uso de telefones celulares e sistemas de localização baseados em sinais de satélite.
É aberta uma divisão entre os apoiadores de sistemas descentralizados, incluindo Google e Apple, e os defensores da estratégia centralizada, na qual dados confidenciais são armazenados em um servidor. O último grupo inclui governos e levanta preocupações sobre o monitoramento massivo da população.
Desenvolvido em colaboração com o Instituto Fraunhofer Heinrich Hertz na Alemanha e especialistas em tecnologia de outros países europeus, o PEPP-PT permite suporte para ambos os modelos.
“Um modelo centralizado oferece um gerenciamento muito melhor da pandemia sem violar a privacidade”, disse Boos. “Mas deve ser o país a escolher. Você pode coletar os mesmos dados com um modelo descentralizado, isso significa apenas que você precisa de mais pessoas para gerar dados sobre pessoas infectadas”.
O PEPP-PT está sendo certificado pela agência alemã de segurança cibernética e atraiu o apoio de alguns líderes do governo da chanceler alemã Angela Merkel.
Ainda não há decisão de apoiar oficialmente o aplicativo PEPP-PT, que, segundo especialistas, precisaria ser baixado por pelo menos 60% da população para atender ao objetivo da chamada imunidade digital coletiva.
(Por Douglas Busvine) ((Tradução de São Paulo, 55 11 56447753)) REUTERS AAJ