A trégua definida neste sábado (17) entrou em vigor à meia-noite, no horário local, após um Cessar-fogo mediado pela Rússia por uma semana Não foi possível impedir os maiores combates no sul do Cáucaso desde os anos 1990.
O Ministério da Defesa da Armênia disse no domingo que o exército azeri disparou duas vezes durante a noite e usou artilharia. Por sua vez, o Ministério da Defesa do Azerbaijão acusou a Armênia de disparar morteiros e artilharia perto da cidade de Jabrail, em Nagorno-Karabakh e em aldeias da região.
Autoridades de Nagorno-Karabakh disseram que as forças azeris atacaram posições militares no enclave e deixaram vítimas.
A trégua anunciada para começar no domingo ocorre depois que o chefe diplomático russo, Sergei Lavrov, manteve conversas telefônicas com seus colegas na Armênia e no Azerbaijão, nas quais, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, ele enfatizou “a necessidade seguir estritamente “o acordo de cessar-fogo acordado em Moscou no sábado passado.
Vizinha consola mulher que destruiu sua casa durante ataque a Stepanakert, na região de Nagorno-Karabakh, neste sábado (17) – Foto: AP
Horas antes, o governo do Azerbaijão informou que 13 civis foram mortos e mais de 50 feridos na cidade de Ganja, a segunda maior do país, em uma explosão atribuída à Armênia. De acordo com o Azerbaijão, dois projéteis atingiram edifícios residenciais. O governo armênio acusou o Azerbaijão de contínuos bombardeios no país.
5 pontos para entender os confrontos entre Armênia e Azerbaijão
Conflitos em Nagorno-Karabakh
O atentado de sábado foi mais um episódio de violência após a escalada da tensão entre os dois países sobre da disputa pelo território de Nagorno-Karabakh, uma região separatista no Azerbaijão, mas principalmente de etnia armênia. As duas nações estão em conflito desde o final de setembro pela região. Um cessar-fogo entrou em vigor em 10 de outubro, mas foi interrompido pelo bombardeio em Ganja.
A região de Nagorno-Karabakh tem 140.000 habitantes, 99% dos quais são armênios. Os confrontos entre separatistas e azeris começaram em 27 de setembro e, desde então, segundo relatos oficiais, o conflito deixou mais de 600 mortos.
A região declarou sua independência do Azerbaijão pouco antes da queda da União Soviética. Este movimento desencadeou uma guerra que causou 30.000 mortes e centenas de milhares de refugiados de ambos os lados na década de 1990.
Desde então, o governo do Azerbaijão acusou a Armênia de ocupar seu território e os confrontos armados são recorrentes.
Mapa da República de Nagorno-Karabakh – Foto: Alexandre Mauro / G1
Os confrontos atuais são os mais graves desde 1994. Após quase 30 anos de impasse diplomático, o presidente do Azerbaijão, Ilham Alyev, prometeu retomar o controle desse território, mesmo pela força, se necessário.
A Armênia é um país de maioria cristã, enquanto o Azerbaijão é predominantemente muçulmano. Décadas de negociações, mediadas por potências estrangeiras, nunca chegaram a um tratado de paz.
Mas o conflito vai além da questão religiosa, ganhando contornos geopolíticos. A Turquia, que tem laços estreitos com o Azerbaijão, disse que está “totalmente pronta” para ajudar seu aliado a retomar o controle de Nagorno-Karabakh.
O governo turco acusa a Armênia de ocupar ilegalmente o território do Azerbaijão. A Armênia diz que a Turquia encorajou o Azerbaijão a buscar uma solução militar para o conflito, colocando os civis armênios em risco.
A Rússia, por sua vez, mantém relações estáveis com ambos, mas é um importante aliado da Armênia e ali mantém uma base militar.