Jim Urquhart para NPR
KISSIMMEE, Flórida – Filas de carros, alguns deles alugados, enfileirados no acostamento de uma estrada do lado de fora do escritório de segurança de um condomínio fechado neste subúrbio de Orlando.
Lutty Sutton está entre dezenas de pessoas que apareceram no condomínio fechado em uma tarde de terça-feira na esperança de ver Jair Bolsonaro, o ex-presidente de extrema direita do Brasil, que está hospedado em uma casa de férias de propriedade de brasileiros lá. artista José Aldo.
“Eu quero ver. Vou chorar”, diz Sutton. “Quero dizer a ele: ‘Não desista’. Tenho muita esperança nele. Eu quero que ele volte para o Brasil.”
Bolsonaro chegou à Flórida no dia 30 de dezembro, dois dias antes da entrega da faixa presidencial que significou a passagem pacífica do poder para o rival que o havia derrotado recentemente, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Ele não gosta muito de Lula e não quis entregar a faixa presidencial para ele na posse.” diz Bryan Pitt, vice-diretor do UCLA Latin American Institute.
Pitt diz que Bolsonaro pode ter se inspirado no presidente Donald Trump, que também abriu um precedente ao pular a posse de Joe Biden em 2021.
“Não consigo dormir, porque a situação no Brasil é muito perigosa”, diz Sutton, que vem do Rio de Janeiro para os Estados Unidos.
A permanência de Bolsonaro em um subúrbio de Orlando, perto da Disney World, atraiu críticas de legisladores dos EUA, que pediram ao presidente Biden que revogasse um visto diplomático Bolsonaro costumava entrar no país, principalmente porque não é mais presidente do Brasil.
Quarenta e um membros democratas do Congresso enviaram uma carta a Biden depois que apoiadores de Bolsonaro invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o gabinete presidencial do Brasil em 8 de janeiro.
“Não devemos permitir que o Sr. Bolsonaro ou qualquer outro ex-funcionário brasileiro se refugie nos Estados Unidos para escapar da justiça por quaisquer crimes que cometeram durante seu mandato”, diz a carta.
O Supremo Tribunal do Brasil aprovou uma investigação sobre Bolsonaro em meados de janeiro, expandindo uma investigação mais ampla para encontrar os responsáveis pelos distúrbios de 8 de janeiro. Mais de 1.000 pessoas foram detidas até agora.
O tribunal eleitoral do país também está processando 16 processos separados relacionados a Bolsonaro e sua campanha.
“Talvez ele esteja esperando ficar na Flórida até que o calor esfrie um pouco”, diz Pitts.
Os críticos de Bolsonaro estão notando semelhanças entre os distúrbios brasileiros e o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA por apoiadores do então presidente Trump, que recentemente perdeu sua candidatura à reeleição.
“Quase dois anos depois que fascistas atacaram o Capitólio dos EUA, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil… Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”, escreveu Alexandria Ocasio-Cortez, DN .Y. postagem na mídia em resposta ao vídeo dos tumultos no Brasil.
Apoiadores de Bolsonaro estão defendendo teorias de conspiração semelhantes alimentadas por apoiadores de Trump, dizendo que a eleição americana roubada serviu de modelo para a brasileira.
“É muito parecido. Eles copiaram”, diz Eileen Lopes, outra seguidora que veio na esperança de encontrar Bolsonaro. “Todo mundo sabe disso, votos são roubados.”
Lopes acredita que Bolsonaro ganhou as eleições embora uma investigação do exército brasileiro não tenha encontrado fraude eleitoral.
Os aliados de Trump, incluindo o ex-conselheiro Steve Bannon, apoiaram a Teorias de conspiração antes dos motins brasileiros. Lopes acredita, sem provas, que Bolsonaro foi vítima de um elaborado plano do Estado profundo do Brasil, da mídia e de seus oponentes políticos para manipular as urnas para roubar a eleição.
“Eles são mentirosos. Não temos cédulas. Não temos provas em papel”, diz Lopes sobre a eleição brasileira, reiterando uma teoria de conspiração semelhante sustentada por negadores das eleições americanas sobre urnas eletrônicas.
Tribunais em vários estados rejeitaram processos alegando que a eleição dos EUA foi roubada. Além disso, nenhuma evidência válida foi encontrada para apoiar a fraude eleitoral.
Grande parte de sua desconfiança é baseada em desinformação e mentiras diretas nas mídias sociais.
“Eu o sigo nas redes sociais, na internet”, diz Sutton, que, como muitos apoiadores de Bolsonaro, compartilha uma desconfiança em relação aos veículos de comunicação. “A mídia não diz nada. Quem não acompanha as redes sociais não conhece a real situação. Não sabem.
“Ninguém mostra a verdade, eles apenas contam mentiras”, diz Sutton, que abre uma exceção para as figuras da mídia de extrema direita Tucker Carlson na Fox News e o autor Glenn Greenwald.
“Os dois realmente conhecem a situação do Brasil”, diz ela.
A Flórida tem se mostrado um reduto de apoio a Bolsonaro.
“De todos os distritos eleitorais brasileiros, dentro e fora do Brasil, a maior porcentagem de votos que Bolsonaro obteve foi em Miami”, diz Pitt.