A fusão de samba e funk de Rogê traz o Rio para Los Angeles: NPR

O samba brasileiro Rogê já conquistou o Rio de Janeiro. Agora, ele está aqui para dar aos Estados Unidos um gostinho do Brasil com seu novo álbum. Curyman.



ARI SHAPIRO, ÂNCORA:

Talvez seja o clima quente. Talvez sejam as praias mundialmente famosas com montanhas no horizonte em ambas as cidades. Bom, seja qual for o motivo, o músico Rogê diz que nada o faz se sentir mais carioca do que trabalhar em Los Angeles.

ROGÊ: Sim, é um pouco clichê, mas quando estávamos fora do Brasil, podíamos ver nossa cultura com uma visão geral, sabe? Acho que me sinto mais brasileiro aqui.

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: Você se mudou para Los Angeles alguns anos atrás depois de lançar oito álbuns no Brasil. E enquanto gravava em Los Angeles com alguns artistas de hip-hop, o homem que nasceu Roger Jose Cury encontrou uma nova identidade.

ROGÊ: E os meninos perguntaram meu nome. Qual o seu nome? Meu nome é Rogélio. E gente, qual é o seu sobrenome? Meu sobrenome é Cury. O cara disse, oh cara Cury.

SHAPIRO: “Curyman” virou o título do novo álbum de Rogê, o primeiro produzido e gravado nos Estados Unidos, um samba brasileiro com influência do funk americano. Ele trabalhou em estreita colaboração com o produtor Tommy Brenneck, que colaborou com Beyonce, Lady Gaga, Amy Winehouse e muito mais.

ROGÊ: Tommy traz todo o ângulo, toda a visão da música, e é isso que eu sempre busco. Sou apenas um cara que ama música e ama minha cultura, a cultura brasileira. E eu realmente quero misturar isso com essa cultura aqui.

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: Procurei a tradução em inglês dessa letra, e a primeira música, “Pra Vida”, tem uma letra que traduz assim: não importa se uma porta está fechada, sempre há uma janela aberta.

ROGE: Sim.

SHAPIRO: E eu queria saber se isso descreve sua experiência de fazer música no Brasil para os Estados Unidos?

ROGÉ: Sim. Meu irmão, quando cheguei aqui, ele era muito duro. Essa música fala sobre – sempre temos que seguir em frente porque temos que acreditar na vida – sabe? – porque eu estava vivendo essa experiência aqui quando cheguei aqui. eu não tinha nada

SHAPIRO: Então por que você fez isso?

ROGÊ: Eu faço isso porque no Brasil temos uma grande crise lá: crise econômica, crise política, crise social, crise de segurança. Tudo deu errado depois das Olimpíadas. E eu costumava vir aqui para Los Angeles para gravar. E eu olho em volta e penso, oh, LA é o único lugar no mundo que eu posso negociar com o Rio porque LA tem tudo, sabe? Você tem a oportunidade de desenvolver minha carreira. Então pensei comigo mesmo, uau, isso vai ser um grande desafio, mas talvez seja isso – você tem que ouvir sua voz interior. Todo mundo tem uma voz interior.

SHAPIRO: Sim.

ROGÊ: Eu também tenho a música para isso nesse álbum: “Existe Uma Voz”.

SHAPIRO: “There is a Voice” – eu ia perguntar sobre essa música.

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “EXISTE UMA VOZ”)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: Sim. Conte-nos sobre isso.

ROGÊ: Todo mundo tem uma voz interior. Você tem que ouvir essa voz. Sabe, se você estiver calmo e protegido (ph), você, todo mundo, tem a oportunidade de entender qual é a direção certa a seguir porque a vida está sempre te testando.

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “EXISTE UMA VOZ”)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: Para dar um passo atrás na conversa sobre sua vida e movimento e falar um pouco mais sobre música, fiquei curioso sobre a diferença entre samba e samba-funk. Você pode falar sobre o que acontece ritmicamente quando você está fazendo samba tradicional e quando está fazendo samba-funk?

ROGÉ: Sim. Esse é um bom exemplo, sabe, porque quando eu faço essa música, acho que os caras tocam funk, tipo funk, tipo James Brown funk, sabe?

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “GET UP OFF that THING”)

JAMES BROWN: Ah.

ROGÊ: Usamos 16 – (imitando maracas).

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “GET UP OFF that THING”)

BROWN: Diga agora. (Assobiar). Sim, estou de volta.

ROGÊ: Você também tem isso no samba – (imitando maracas).

SHAPIRO: Sim.

ROGÊ: (Imitando maracas) – Temos isso. Temos: quando você usa 16, é a mesma coisa quando você faz samba.

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)

ROGÊ: (Cantando em português).

É (inaudível) – (vocalizando).

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)

ROGÊ: (Cantando em português).

A outra é “Eu Gosta Dela”.

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “EU GOSTA DELA”)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: Então conte-nos o que estamos ouvindo sobre isso.

ROGÊ: Isso é – é mais – ter samba e também ter funky, porque é – samba é (vocalize). É meio samba.

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “EU GOSTA DELA”)

ROGÊ: (Cantando em português).

Mas a guitarra às vezes é tocada dupla. Nós misturamos com tempo duplo e meio tempo. Também é meio misturado com brasileiro, muito brasileiro e acho que soa universal.

(SOUNDBITE DA MÚSICA, “EU GOSTA DELA”)

ROGÊ: (Cantando em português).

SHAPIRO: As pessoas obviamente ouvirão este álbum em contextos diferentes, mas entendo que o contexto de suas apresentações ao vivo é muito específico. Você pode nos pintar uma imagem de, quando você está em uma sala fazendo um show, o que está acontecendo?

ROGÊ: Para mim é como algo espiritual: o palco, sabe, a sala e, porque você tem a energia das pessoas com você. Para mim, a torcida faz o show.

SHAPIRO: Você descreve fazer música como uma experiência espiritual, e há algumas músicas neste álbum que falam explicitamente sobre espiritualidade. Você pode nos contar sobre um deles?

ROGÊ: Sim, posso falar de “Yemanjá”.

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA, “YEMANJÁ”)

ROGÊ: (Cantando em português).

Iemanjá é um deus da criação. Iemanjá é uma deusa do oceano. Então, no Brasil, nós temos uma religião que chamamos de Candomblé. É um ritual lindo. E nós temos um – como um (falando em português) tem um sentido…

SHAPIRO: Sim.

ROGÊ: …Para todo poder da natureza.

SHAPIRO: Você sente que está canalizando essa energia quando toca essas músicas ou está cantando sobre as tradições de outra pessoa?

ROGÊ: Não, não, eu realmente sinto isso. Eu realmente sinto que, para mim, sempre estou, tento me abrir para essa energia. Então essas energias me protegem e me guiam, sabe? E eu tenho muito respeito por isso, porque isso me fortalece. Eu nunca sozinho – nunca.

SHAPIRO: Esse é Rogê, se escreve ROGE. Seu novo álbum é “Curyman”. Muito obrigado.

ROGÊ: Muito obrigado, Ari, pelo espaço, pela atenção né, muito obrigado.

(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)

ROGÊ: (Cantando em português).

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