O técnico Tite não quis revelar a escalação da Seleção Brasileira de Futebol Masculino para a partida contra o Peru, nesta terça-feira, às 21h. O duelo, válido pela segunda rodada das Eliminatórias, acontece no Estádio Nacional de Lima.
Segundo Tite, a decisão de esconder a equipe que vai a campo visa não dar armas a Ricardo Gareca, técnico adversário.
– Temos vários atletas de alto nível, Tenho uma equipe montada, mas não quero conversar. Os atletas sabem disso desde ontem. A base permanece, as idéias permanecem. Mas não quero carregar Gareca. Você muda uma característica do atleta e já traz adversidades – disse o técnico, em entrevista coletiva.
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A provável seleção da seleção nacional para enfrentar o Peru é: Weverton, Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Renan Lodi; Casemiro e Douglas Luiz; Everton (Richarlison), Philippe Coutinho e Neymar; Roberto Firmino.
Tite, técnico da Seleção Brasileira de Futebol Masculino, em entrevista coletiva – Foto: Playback / CBF TV
Tite também foi questionado sobre as diferenças entre Peru e Bolívia e projetou um duelo mais difícil para esta terça-feira:
– Existem dois fatores que devemos analisar. O desempenho individual do Brasil superou as expectativas. É preciso considerar que a Bolívia não tinha a mesma qualidade técnica e física que a nossa … É verdade. Porém, o seu grau de expectativa era fazer uma boa partida, perder um pouco e seria uma vitória para eles. E temos a responsabilidade de jogar bem e dar resultados. Isso é considerado. Depois desse ponto, o desafio é outro, com uma equipe de nível técnico superior, físico superior e um desafio para nós: buscar repetir um padrão. Talvez não com a mesma força técnica. Enfrentaremos um adversário mais forte em circunstâncias mais fortes – lembrou Tite.
Leia mais na entrevista de Tite:
– A experiência (na seleção) me mostrou uma adaptação do clube e do técnico da seleção. Os benefícios de escolher atletas de alto nível, os melhores do seu país, e poder escolhê-los. Possui comitê técnico de mais alto nível e em tempo integral durante a semana para comunicação, monitoramento e andamento. Administrar o tempo porque não está constantemente com os atletas tira um pouco do trabalho de campo e fica mais no campo dos estudos. E quando se trata de buscar o dia a dia, tem que ser muito pontual, preciso nos treinos e funções dos atletas. Por outro lado, tira do dia a dia, o cheiro do camarim. Você falou de quatro anos e 50 jogos, que no Brasil em clubes são talvez sete meses.
– O significado de termos vencido o Peru é o mesmo que ele nos venceu no amistoso. Adversário importante, grau de dificuldade técnica e física superior ao que enfrentamos. Temos que ter essa capacidade de contextualizar. Não penso muito nos 50 jogos, penso numa ideia de futebol e que a equipa joga muito. Que ele tem a consciência de que tem que criar e marcar gols, ser duro e dificultar ao máximo o seu rival, se possível não marcar e isso se traduz em vitórias. A forma comovente como a equipe se apresentou ao longo desse tempo está sendo moldada. Em três, quatro momentos foram as eliminatórias, mundiais, amistosos, Copa América. E agora uma retomada. É muito tempo, seis meses te faz evoluir como atleta.
Tite orienta os zagueiros da Seleção – Foto: Lucas Figueiredo / CBF
– Jogando em alto nível, o lado humano, os valores morais que tem as credenciais para isso. O que dirá para onde vai, o tempo, é a performance. É a qualidade, o nível de competição que você enfrenta. Isso vai determinar. É impossível projetar a Seleção em dois anos, nem projetam seis meses aqui. Eu quero, espero que você mantenha esse patamar, independente dos nomes. Dou um exemplo do Daniel Alves que foi eleito o melhor da Copa América depois de se recuperar de uma lesão. Não existe preconceito para um jovem, como Rodrygo, Gabriel Menino, ou para um mais experiente.
Ação contra Bolívia
– (A seleção) foi o que imaginamos, em um palco maior. A circunstância do jogo não vai acontecer da mesma forma (contra a Bolívia), no primeiro tempo ficamos com quase 80% da bola no campo oposto. Há jogos que proporcionam mais jogo dentro do adversário, em outros você fará mais contra-ataques se marcar mais na frente. Em pouco tempo você tem menos propriedade, mas tem mais verticalidade. Os jogos mudam porque os oponentes vêm com esquemas diferentes. Cada jogo também nos favorece, é importante saber jogar, seja numa posição superior, intermediária ou recuada. A bola é a referência para compactar a equipe.
– (fala Cleber Xavier) Suspeito do Guerrero quando ele veio até a gente no Corinthians, fiz o primeiro treino e fiquei muito impressionado com a qualidade dele. Uma relação que temos há muito tempo, a sua ausência pesa muito, num contra-ataque rápido pivot, ele é um finalizador, a sua figura de líder é muito importante. Esperamos que ele se recupere.
Tite leva a bola para Danilo na vitória do Brasil por 5 a 0 sobre a Bolívia – Foto: Lucas Figueiredo / CBF
– A gente vê como o atleta sabe no dia a dia. Tive menos tempo jogando com a seleção nacional, mas o treinamento e o acompanhamento das seleções estão nos dando informações. A conversa com Paulo (técnico da base da CBF), Jardine (CBF Sub-20), jogadores que estiveram e estiveram com ele em situações importantes. Lembro que fomos ver o Douglas treinando em Girona. Isso já vem acontecendo há muito tempo, então ele teve paz de espírito para se desenvolver. O desafio é manter o mesmo padrão. Sua característica é o que Neymar fornece, Lodi dá suporte para dar um ponto de equilíbrio.
– Ele está normal, treinou bem hoje, ontem, sem nenhum problema (físico). Quanto à parte técnica, essa liberdade maior, de flutuar para ser um jogador articulado, ser afiado, flanco, lateral, que também favorece. Quando digo que favorece o jogador criativo, o Juninho olha para mim e sorri, gosta de jogador criativo porque era assim. Essa adaptação, até do próprio PSG, que vinha trabalhando assim. Temos que ter sensibilidade para poder trabalhar este espaço pelo que tem feito no seu clube.
Neymar a um gol de Ronaldo
-Tenho certeza que se alguém aparecer em melhores condições, ele dará a bola. Os gols individuais, ao somar a equipe, são bons. Não é pecado marcar ponto, não é pecado acertar o alvo. Falo em termos gerais. Não é pecado passar a marca Ronaldo. No espírito de solidariedade de equipe, isso é ótimo. É mais significativo.
– (fala Cleber Xavier) Eles trabalham muito no lado esquerdo com construção, movimentação, passes, infiltração, jogadores como Trauco, Yotún, de boa qualidade. Direito atrás com força, com Carrillo, passo Advíncula. É uma equipe que tem uma derrota e pressiona muito, a marca do meio é muito agressiva. E a transição ofensiva também é muito rápida. Equipe que é competitiva e com qualidade, já que participou da última Copa e foi à final da Copa América.