O ator Cecil Thiré morreu nesta sexta-feira, aos 77 anos, de causas naturais, enquanto dormia em sua casa no bairro Humaitá, no Rio. Filho da atriz Tônia Carrero, enfrentou o mal de Parkinson por alguns anos. Além de dirigir obras no cinema e no teatro, Cecil ficou marcado por atuações na televisão, como os vilões Mário Liberato em “Roda de Fogo” (1987) e Adalberto em “Uma próxima vítima” (1995).
Nascido em 28 de maio de 1943 no Rio, Cecil foi o único filho do casamento de Tônia Carrero com o artista plástico Carlos Arthur Thiré. Desde cedo, o ator assumiu a tradição artística da família, tendo até feito uma pequena participação, quando tinha apenas nove anos, no filme “Tico-tico no fubá” (1952), estrelado por sua mãe. O seu primeiro emprego profissional foi aos 18 anos, como assistente de direção de Ruy Guerra no filme “Os Rifes”. Posteriormente, dirigiu filmes como “O diabo vive no sangue” (1968) e “O Ibraim do suburbia” (1976).
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No cinema, Thiré participou de 20 filmes como ator. Trabalhou com vários diretores como David Neves (“Muito alegria”, 1979; e “Luz del Fuego”, 1982), Walter Hugo Cury (“Per sempre”, 1991), Fabio Barreto (“O quatrilho”, 1995) e Zeliot Viana (“Bela noite para voar”, 2009).
A carreira na televisão começou em 1967, quando atuou em “Angústia de amar”, da TV Tupi. Contratado pela Globo em 1974, o ator atuou em mais de 20 novelas e minisséries, como “Top model” (1988), “A próxima vítima” (1995) e “Celebridade” (2004). Seu último trabalho na emissora foi no humorístico “Zorra Total”, em 2005.
Em “A Próxima Vítima” ele estrelou uma das cenas mais chocantes do drama da televisão brasileira como o serial killer Adalberto. Descoberto pelo detetive Olavo (Paulo Betti), ele tenta fugir da polícia, mas acaba morto.
– Perdemos um grande professor, ator, professor, produtor, diretor – disse Betti, seu colega em “A Próxima Vítima”. – Na televisão ele lançou novos nomes. Ele já vinha sofrendo há algum tempo, descansado.
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Em 2012, o ator fez seu último trabalho para a televisão na novela “Máscaras” da Record, onde estava desde 2006. A produção o reencontrou com Lauro César Muniz, criador do personagem mais destacado de Cecil ao longo de sua carreira em Sabonetes de TV. : o vilão homossexual Mário Liberato, de “Roda de Fogo” (1986). Na trama, ele interpretou um advogado corrupto que tentou, a todo custo, destruir Renato, seu ex-cliente morado por Tarcísio Meira.
Sua estreia como diretor de televisão deu-se no programa “Viva o gordo”, apresentado por Jô Soares entre 1981 e 1987. Cecil dirigiu também seis episódios de “Você decide”, em 1992. Em “Sassaricando” (1987), dividiu entre ator e diretor, trabalhando com a própria mãe.
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Além da televisão e do cinema, a artista faz teatro há muito tempo. Sua primeira experiência como diretor foi em 1971, na montagem de “Dollhouse” de Henrik Ibsen. Em 1975, ele recebeu o Prêmio Molière pela direção da peça “A Noite dos Campeões”, de Jason Miller.
A partir de 1984, Cecil passou a se dedicar ao ensino, voltando aos palcos apenas dez anos depois. A vasta experiência deu origem ao livro “La carpintería del actor”, editado em 2013 pela Sinergia, onde o artista fala sobre técnicas de representação.
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Cecil deixa sete netos e quatro filhos, três dos quais atores: Luisa, Carlos, Miguel. Num vídeo enviado pelo WhatsApp a pessoas próximas da família, Luisa lembrou com carinho do pai e disse que os últimos momentos foram “muito difíceis”.
“Ele vai sentir muito a sua falta. Papai era um menino muito importante para toda arte. Ele deixou muitas coisas boas, muito aprendizado. Foi professor de muita gente, tanto de cinema quanto de teatro. Eu me lembro de mim, menina, entrando no Teatro Fênix Ele estava gravando ‘Viva o Gordo’, e todo o animador veio falar comigo como se o papai fosse amado, onde ele foi fez amigos de A a Z. Deixa ele descansar, porque ele merece.
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A última aparição pública de Cecil foi durante a cerimônia de cremação de sua mãe, que foi morta em março de 2018 de parada cardíaca. Em uma cadeira de rodas, o ator chamou a atenção por sua aparência abatida. Naquela época, seu primo Leonardo Thierry disse que Cecil havia perdido a deambulação e mal falava, devido ao estágio avançado da doença: “Ele perdeu a deambulação e em alguns momentos do dia fala muito mal. Cecil ficou muito chocado com a morte de sua mãe. As fotos que foram tiradas no velório refletem a tristeza do momento. Os pacientes de Parkinson reagem muito mal ao estresse emocional ”, disse Leonardo ao EXTRA.
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Nas redes sociais, o ator foi homenageado por seus colegas:
“Trabalhei com Cecil em meu primeiro romance, ‘Top Model’. Ele era um cavalheiro “, lembra a atriz Drica Moraes no Instagram.
O ator Marcelo Serrado também homenageou o amigo: “O Cecil foi uma das primeiras pessoas a acreditar em mim. No início da minha carreira, fizemos a peça ‘O protagonista’ juntos, eu interpretei seu filho. Obrigado por tudo ”, escreveu ele.