As famílias Odebrecht e Gradin chegaram a um acordo nesta semana que encerra uma das mais antigas e barulhentas disputas empresariais do país. A disputa envolveu uma participação de 20% detida pela Gradin na Odbinv (Odebrecht Investimentos), holding que controla a Grupo Odebrecht.
“Essa pacificação é significativa e fundamental, pois põe fim a muitos anos de conflitos e permite que essas empresas se concentrem em seus negócios e operações”, escreveu o presidente da Odebrecht SA, Ruy Sampaio, em mensagem enviada por e-mail aos executivos das empresas do grupo nesta quinta-feira (24), logo após a assinatura do acordo.
A disputa começou em 2010, quando a Odebrecht, então sob o comando da Marcelo Odebrecht, exerceu opção de compra da participação de 20% da Graal Participações, da família Gradin, na Odbvin.
Os Gradins não concordaram com os termos oferecidos e iniciou-se uma disputa que durou uma década, que passou por câmaras de arbitragem e várias instâncias do Judiciário.
Na disputa, os Gradins chegaram a pedir R $ 12 bilhões pela participação. ELE folha apurou, no entanto, que o acordo foi fechado por um valor próximo a R $ 6 bilhões, a serem pagos no âmbito do recuperação judicial da Odebrecht, por meio de participação nos lucros e resultados com prazo de até 40 anos, como todos os demais créditos que fazem parte do processo de recuperação.
A transferência das ações da Gradin para a Odebrecht ocorre imediatamente.
Os termos do acordo são confidenciais, mas devem ser divulgados em algumas semanas, quando aprovados pelo tribunal arbitral.
Segundo uma pessoa próxima às negociações, o fato da Odebrecht estar em processo de recuperação judicial, com o plano aprovado pela Justiça, criou o ambiente favorável para o acordo, liderado por Ruy Sampaio.
Ainda de acordo com a fonte, o valor pelo qual o acordo foi fechado é bem inferior aos que estavam na mesa de negociações entre as empresas no passado, mesmo devido à mudança radical do grupo Odebrecht, que era o terceiro maior conglomerado empresarial. grande do Brasil. à recuperação judicial, em decorrência do escândalo de corrupção aniquilado pela Operação Lava Jato.
Em julho, a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo aprovou a recuperação judicial da Odebrecht SA e de 11 outras empresas do grupo. Após a aprovação, a empresa tem dois anos para executar o plano, aprovado pelos credores em abril.
A recuperação judicial da Odebrecht é a maior da história do país, com dívidas totais estimadas em R $ 98,5 bilhões. Desse montante, R $ 54 bilhões estão sujeitos a reestruturação, enquanto o restante corresponde a dívidas entre empresas do próprio grupo e empréstimos extra-bancários, que não entram no processo.
O valor será convertido em obrigações de participação nos resultados. Assim, de todo o lucro gerado pela empresa nos próximos anos, 80% irá para credores e apenas 20% para acionistas. O prazo máximo para efetivação do pagamento é de 40 anos.
Procurada, a Odebrecht não se pronunciou sobre o caso. O relatório não conseguiu entrar em contato com o conselheiro da família Gradin.