O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, deu entrevista coletiva virtual na tarde deste sábado, em Guayaquil, Equador. O tema principal: o impacto da derrota por 5 a 0 para o Independiente del Valle, na última quinta-feira, e a pressão sobre o técnico Domènec Torrent. Braz disse que deixar o catalão não foi discutido.
– A palavra “bancário” me incomoda. O Dome faz parte do nosso planejamento, inclusive o jogo contra o Palmeiras. Em nenhum momento se falou em sua partida. Há unanimidade no conselho. Todos vieram trabalhar, tivemos reuniões extensas para discutir parte da premiação e outros assuntos considerados importantes. E essa hipótese nunca foi considerada.
Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo – Foto: Playback
Na próxima terça-feira, o Flamengo aposta mais uma vez na Libertadores, desta vez contra o Barcelona, em Guayaquil. Segunda do Grupo A, a equipe precisa somar pontos para não correr o risco de perder a posição. Questionado sobre o risco de disparar o Dome em caso de outra perda, Braz respondeu o seguinte:
– Não vou fazer aqui uma análise da derrota, este board não faz uma análise da derrota. Fazemos planejamento. Eu suspeito que funcionou até agora. Não vou falar de fatos, “se perder 5, se ganhar 5”. Este não é o momento, é o momento de chegar, de entender o momento, o que está acontecendo. Se olharmos para trás outros momentos de outros treinadores que estiveram conosco, também sentimos algum desconforto, e o trabalho continuou.
Outros trechos da entrevista de Braz:
O resultado da partida foi impensável. Em nenhum campeonato o Flamengo pode perder por 5 a 0, não faz parte da história de vitórias da diretoria deste clube. O que posso dizer sobre isso são dois pontos. Até hoje, nada disso foi pensado (Exit Dome). E existe um pensamento em unidade. Não tenho muito a dizer sobre isso. Isso não quer dizer que nós, o conselho, os jogadores e as pessoas que fazem parte desse processo desconheçamos a extensão dessa derrota. Uma derrota que não poderia acontecer.
Vemos trabalho todos os dias, ele veio aqui na segunda-feira, foi ao jogo no sábado. “Ah, mas isso acontece em todo lugar.” Acontece, mas está errado. É errado porque às vezes acontece que não tenho quatro, cinco dias. Foi corajoso. Ele pode muito bem vir e dizer, ‘Braz, tudo bem, mas vou começar um jogo mais tarde para descobrir algumas coisas pessoais.’ E ele não veio, ele veio trabalhar, ele veio trabalhar porque ele sabe que não tinha tempo. Mas isso não pode ser desculpa para os fãs, só que não analisar esse ponto me causa um grande desconforto.
Isso não tem nada a ver com jogos. Às vezes, “brincar” é arrogância. Quem sou eu para interpretar alguém? Eu não jogo ninguém. Agora, eu tenho minha análise, eu a passo para meu presidente, para meus colegas membros do conselho. E passo minha análise aqui para os fãs, jornalistas e todos aqueles que questionam. Não se trata de brincar por brincar. Não é arrogância, arrogância. E sim, uma análise um pouco mais fria das condições no momento.
Chance de concorrer a vereador e se reconciliar com o Flamengo
Fui secretário de Esportes do Rio dentro do ciclo olímpico, fui vice-presidente do Suderj, sempre tive passagens pela política. Em nenhum momento disse que seria candidato a A, B ou C. Dá para se reconciliar? Acho que sim. Mas não tem nada a ver com minha decisão.
Relacionamento entre espanhóis do comitê técnico e profissionais da Flórida
Penso que esta relação está a ser construída quando tivemos um acontecimento semelhante quando outro treinador português veio com a sua comissão técnica, teve 20 dias de intertempora e depois começaram os jogos. Naquela época, esse relacionamento foi construído. Eu vejo que é normal, essa relação está sendo pavimentada. Procuro ajudar muito, outras pessoas também tentam ajudar. Para que a integração seja a mais rápida e precisa possível.
A equipe tem dificuldade em entender o treinador?
Em nenhum momento. Tudo isso faz parte de um processo de integração, uma filosofia de trabalho que precisa amadurecer. Eu entendo os fãs, eu entendo os companheiros de equipe e todos os segmentos. Insatisfação com o resultado ocorrido. A diretoria e eu respeitamos essas posições. Mas também temos que ser um pouco mais legais porque temos informações, análises internas. Sabemos que precisamos de tempo para construir.
Diminuição do rendimento técnico de alguns jogadores e preparação para a segunda mão
Dentro da avaliação que temos (sobre os jogadores), o grupo que entrou em campo foi o campeão da Libertadores. Não vejo isso (queda de renda). Quanto ao treinamento e condicionamento físico, precisamos ter o relacionamento temporário. Há quatro meses não sabíamos o que ia acontecer, ninguém sabia se o campeonato ia ser mais cedo ou mais tarde. No meio desse processo, tivemos uma troca de treinador. Não fazemos tudo certo, mas também não estou dizendo que fizemos errado.
Estamos lá sem saber se haverá público ou não, mas apoiamos o bom senso. Claro, com um certo nível de segurança. Mas vamos ver no final da temporada para ver quem vai chegar inteiro. Para isso, precisamos de tempo para saber se estava errado ou não.
Relacionamento entre o elenco e o treinador
O camarim sempre foi unido, não tinha problema interno. Os jogadores têm uma relação muito boa. Claro, em um grupo de 30 jogadores, ele existe em qualquer lugar. Entre 4 ou 5 você tem um relacionamento mais forte, com os outros pode ser menor. Mas isso não significa que ele não tenha respeito ou companhia. A relação de Dome com o elenco é boa.
Ausência de jogadores convocados para as seleções
Claro que preocupa (perda de Everton e Rodrigo Caio em três dias do Brasileiro). Perdemos eles, Arrascaeta e uma grande possibilidade de perder Isla. Estamos preocupados, mas essa preocupação tem que ir e vir porque vamos entrar com 11 em campo, e qualquer 11 que entrar em campo não é desculpa para perder jogos. Principalmente porque tivemos tempo de ter um elenco forte e fortalecido. Eu acredito em todos. Sem exceção.
Pedido de grupo político de impeachment de Dome
Primeiro, eu encaro o mundo de uma forma mais natural. O que posso dizer é o seguinte: quem tem que resolver é o membro do comitê de futebol (Dekko Roisman) com seu grupo. Nenhum desconforto foi expresso para mim com o técnico. Como sou da política, vou fazer uma sugestão. Ou o grupo elimina Dekko ou Dekko deixa o grupo. Aceito as críticas e o desconforto de todos, aqui nunca demos uma banana aos torcedores. Sempre respeitamos isso.
Reação de cúpula de 5 a 0
Claro que ele (Dome) mostrou descontentamento, ficou furioso dentro do vestiário, dizendo que nunca tinha acontecido com ele, pelo menos ele não lembrava. Essa palavra (silêncio) não pode ser dita depois de uma entrevista de 5 a 0. O Flamengo tem que ser assim, sempre foi assim. Mas precisamos caminhar, precisamos entender que precisamos reverter essa situação e seguir em frente. Estamos confiantes nisso por causa dos títulos conquistados em 2019 e 2010. Esta diretoria não está comprometida com a derrota e nem com ela. Mas aí, para não fazer as coisas com planejamento e segurança, acho que é assim que temos que olhar. E unidos, como estamos aqui.
Temos que entender: esta temporada não é até dezembro, é até março. Isso não tem nada a ver com 5-0, só para ficar claro. O Flamengo não pode levar o 5 a 0 em nenhum momento. Mas temos competição desta temporada até março. É preciso ter o cuidado de apertar os treinos agora e “mudar de rumo”, que é uma expressão que usamos no futebol quando o tempo passa, atinge o auge com muito tempo restante de competição e aí ocorre uma queda repentina (Desempenho). Mas acho que vamos construir um bom caminho até 2021.
Relação problemática com BAP
Já passamos por momentos piores. Você tem um grande papel na construção do orçamento, você é uma pessoa importante e tem seu tamanho no conselho. Temos um modelo de gestão. O relacionamento é institucional, cordial. E é com isso que o Flamengo se preocupa.
Jogue parte da culpa
A parte (do grupo) de culpa é igual à do conselho. É tudo a mesma coisa.
Erro de avaliação com Dome?
Não houve nenhum erro de avaliação ou promessa quebrada do Dome. O que acontece é que, devido ao cronograma, a pandemia, por ter jogo após jogo, entende que tem que fazer uma troca maior entre os jogadores para que sejam preservados em um minuto de análise, não é uma conjectura. Para que quando chegarmos à reta final, tenhamos excelência com todos os jogadores. Eu entendo a pergunta, mas não vejo nenhuma violação ou erro em nosso compromisso. Claro, queríamos outros resultados ligeiramente melhores.
Chance de um jogador sair? Arrascaeta, Bruno Henrique e Gerson
É como a minha candidatura (risos) … esses jogadores já se foram. Um vai para o Benfica, outro vai para não sei para onde. Ele é pai de um que fala com o outro … Mas eles continuam aí e até perderam 5 a 0. A gente não vende e também perdemos 5 a 0. Eles estão aqui, ainda estão aqui, eles têm contrato. Estes três jogadores (Arrascaeta, Bruno Henrique e Gerson) têm multas de mais de 40,50 milhões de euros. Estaremos à mesa para discutir, mas até agora não há nada. Em Portugal, o plantel está animado para trazer os jogadores (Bruno Henrique e Gerson). Os árabes chegaram … (através de Arrascaeta).
É um esforço da diretoria para manter essa equipe, para manter esses jogadores aqui. Essa diferença de câmbio é enorme, o que torna atraente para o jogador um ajuste rápido ao sair. Empreendedores tentando fazer seu trabalho. Dos pais, tentando fazer o que é melhor para seus filhos. Mas aí eu também tenho que destacar o papel do conselho, o esforço do Landim, o esforço dos outros departamentos.
Não tenho dúvidas (que o desempenho aumenta com a multidão). Não quero dizer 100% por não pensar que dou desculpas. Mas é outra atmosfera. Ainda mais com a torcida do Flamengo, que cobra, fica de pé, isso coloca todos que estão no processo em uma situação mais desconfortável para que possamos ter sucesso.
Impacto interno da derrota
Claro, há uma análise em cima disso (derrota). Mas o impacto adicional ao planejado para Guayaquil é zero. Por quê? Como estamos a oito horas de casa, é impossível fazer qualquer análise. Quando falei em derrota, é claro que a própria derrota tem um impacto. Foi 5 a 0, foi a maior derrota do Flamengo na Libertadores. Claro, ativamos um alerta, todos estão incomodados.
A equipe está bem. Primeiro, decole 2.800 metros do solo, aqui já estamos no nível do mar. Imediatamente após o jogo, pegamos o avião fretado para chegar a Guayaquil. Este é o trabalho de união de outras pessoas. As pessoas aqui trabalham com excelência. Mas estamos indo bem. Ficaremos cinco dias aqui. Quem me conhece sabe que eu não desisto, mas faço do meu jeito. Tenha certeza de que este assunto (derrota) foi resolvido.
Renovação de Diego Alves
Trabalhamos em todas as reformas, estamos trabalhando nesta. Mas cada hora tem um problema, há uma jornada. No meio desse processo tivemos que viajar para nos trazer a Isla, o Diego Alves é a nossa prioridade, tenho que falar sobre isso. A nossa relação com ele, não sei se lembra, o Diego Alves esteve três meses ausente e a nossa direcção o obrigou a ficar. Acho que a tabela foi bem, acho que fui bem e acho que o atleta se saiu bem em ficar aqui. Acreditamos que isso será resolvido. Não é uma ordem de prioridade, “ah aquele atleta primeiro renovou …”. É porque você tem que renovar um por um, depois de renovar com um passe para outro. Estamos conversando sistematicamente com o empresário dele e não acho que tenhamos problemas.