Em meio a tantas más notícias no campo da economia, saúde pública e política brasileira, divulgou o Times Higher Education (THE), entidade britânica especializada em benchmarking de qualidade de universidades em todo o mundo. Informações animadoras: Apesar dos problemas que enfrentaram no ano passado, com contingenciamento de verbas orçamentárias, cortes de recursos para pesquisa, redução de bolsas de pós-graduação e infundadas acusações de “focos de conflito” por parte do governo federal, vários As universidades públicas brasileiras caíram relativamente bem no ranking de 2021.
A Universidade de São Paulo (USP), maior instituição de ensino superior do país, por exemplo, melhorou sua classificação, passando de 251-330 para 201-250. A localização no ranking é anunciada em grupos. O nível da USP é igual ao das tradicionais universidades europeias e dos países mais desenvolvidos da Ásia. Outra importante instituição paulista, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), passou do nível 501-600 para o nível 401-500, ao lado de importantes universidades de países em desenvolvimento.
Além da USP e da Unicamp, outras 44 universidades brasileiras, quase todas pertencentes à rede federal controlada pelo Ministério da Educação, foram classificadas no ranking do THE. A maioria delas – entre as quais estão as Universidades Federais do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e as Pontifícias Universidades Católicas do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul – manteve as mesmas posições obtidas no último ranking, que já ha é uma conquista, dadas as dificuldades financeiras e políticas que tiveram de enfrentar. A surpresa é a entrada de seis novas instituições nacionais – quatro delas no Nordeste, a região mais pobre do país – no ranking de 2021. São as Universidades Federais de Juiz de Fora, Sergipe, Maranhão, Paraíba, Piauí e Uberlândia. . A Universidade Federal de Sergipe, em especial, surpreendeu por estar entre as dez melhores universidades brasileiras. Na classificação anterior, ele nem havia sido classificado.
THE avaliou 1.527 universidades de 93 países. Na edição anterior, foram avaliados 1.396 de 92 países. Com 35 universidades federais, 11 estaduais e 6 confessionais e privadas, o Brasil é o sexto país mais representado no ranking de 2021. Entre outros critérios, o THE leva em consideração a qualidade do ensino, pesquisas de ponta, citações de artigos em periódicos ciência, intercâmbio de professores e transferência de conhecimento científico para a indústria.
Na lista dos dez primeiros, a avaliação de 2020 não foi nenhuma surpresa. Mais uma vez, duas instituições britânicas e oito americanas se destacaram. A pesquisa mostra, no entanto, que a hegemonia das universidades americanas e britânicas começa a ser ameaçada pelo avanço das universidades asiáticas. Pela primeira vez, a lista dos 20 primeiros colocados em 2020 incluía a Chinese Tsinghua University, originalmente uma escola preparatória para graduados chineses que pretendiam fazer pós-graduação nos Estados Unidos. As universidades chinesas, que na última classificação ocuparam três posições na lista das 100 melhores, obtiveram nesta edição seis posições. A classificação das 100 melhores deste ano inclui 16 universidades asiáticas, o maior número desde o início dessas pesquisas.
O avanço da qualidade do ensino superior na Ásia mostra o quanto a região vem investindo em capital humano, num momento em que a chamada Indústria 4.0 muda radicalmente o perfil do trabalho e, consequentemente, a demanda por empregos. Para que as universidades brasileiras sigam a mesma linha, é necessária maior competência e visão de mundo na área educacional do atual governo. Se eles se saíram relativamente bem na avaliação do THE deste ano, foi por causa de sua resiliência e não por causa da iniciativa e do compromisso do governo.