São Paulo, Brasil – O Tribunal Superior Eleitoral do Brasil impediu o presidente Jair Bolsonaro de concorrer a cargos políticos por oito anos.
Cinco dos sete juízes da corte decidiram pela condenação de Bolsonaro. O ex-presidente foi acusado de abuso de poder político e abuso da mídia.
As acusações decorrem da retórica de Bolsonaro na corrida para a eleição presidencial de outubro de 2022, na qual ele perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em julho do ano passado, Bolsonaro se reuniu com embaixadores estrangeiros na residência oficial da presidência para discutir o processo eleitoral brasileiro. Na ocasião, ele questionou a integridade das urnas eletrônicas e expressou preocupação com sua vulnerabilidade a ataques ou invasões, apesar de funcionarem sem conexão com a Internet. Ele também atacou o Tribunal Eleitoral do Brasil.
O encontro com os embaixadores foi transmitido ao vivo pela TV Brasil, canal de televisão oficial do governo brasileiro, a menos de três meses das eleições.
A Dra. Paula Bernardelli, advogada e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, afirmou reportagens do brasil que a suspensão de oito anos de Bolsonaro é consistente com decisões recentes do Tribunal Superior Eleitoral.
“Esses ataques ao sistema geralmente são punidos pelo [Electoral Court]principalmente quando feito como estratégia de campanha e com uso de recursos públicos”, disse Dr. Bernardelli.
Ele acrescentou que o resultado não deve ser considerado surpreendente diante da conduta do ex-presidente.
“No meu entendimento dos fatos, as ações cometidas por Bolsonaro configuram esses abusos previstos em lei. E a sanção que a lei prevê para esses abusos é a sanção de invalidez”, disse.
A defesa de Bolsonaro ainda pode recorrer da decisão, primeiro no próprio Tribunal Superior Eleitoral, e se a condenação for confirmada, o caso pode ser levado ao Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país.
No entanto, segundo o Dr. Bernardelli, é improvável que o Supremo Tribunal Federal reverta a decisão do Tribunal Eleitoral, pois isso envolveria apenas uma análise de possíveis violações constitucionais durante o processo.
“O Supremo Tribunal Federal não volta a discutir todo o processo; não entrará novamente na discussão substantiva, haja ou não abuso. Isso é confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral”.