Bolsonaro inabilitado para cargos públicos no Brasil até 2030

BRASÍLIA: A carreira política do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro estava em frangalhos quando o Tribunal Federal Eleitoral (TSE) proibiu o nacionalista de extrema-direita de ocupar cargos públicos até 2030 por sua conduta durante as tensas eleições do ano passado.

Cinco dos sete juízes votaram para condenar Bolsonaro, 68, por abuso de poder e uso indevido da mídia por suas ações em julho de 2022, antes da eleição, quando convocou embaixadores para expor alegações infundadas sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil.

Sua decisão marca uma reviravolta surpreendente para Bolsonaro, um populista feroz que perdeu por pouco a votação de outubro para seu rival de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Muitos no Brasil culpam Bolsonaro por criar um movimento nacional para derrubar o resultado, que culminou na invasão de prédios do governo em Brasília no dia 8 de janeiro por milhares de seus apoiadores.

O impacto da decisão do tribunal eleitoral provavelmente se espalhará pela política brasileira, removendo o principal inimigo de Lula da corrida em 2026 e abrindo espaço entre um campo competitivo na direita brasileira.

A opinião majoritária no julgamento foi escrita pelo juiz Benedito Gonçalves, que disse que Bolsonaro usou o encontro com os embaixadores para “semear dúvidas e incitar teorias da conspiração”. Dois juízes de tendência conservadora discordaram.

O juiz Alexandre de Moraes, um adversário de longa data de Bolsonaro que atualmente dirige o TSE, juntou-se à maioria ao dizer que Bolsonaro havia espalhado uma “cadeia de mentiras e notícias fraudulentas” em seu discurso “radical” aos embaixadores.

A equipe de Lula comemorou o resultado.

“Algumas mensagens importantes saem do julgamento do TSE: mentir não é uma ferramenta legítima para exercer uma função pública e a política não é regida pela lei da selva”, tuitou o ministro da Justiça, Flavio Dino. “A democracia passou em seu teste de estresse mais difícil em décadas.”

Bolsonaro negou qualquer irregularidade e seus advogados prometeram entrar com um recurso ao Supremo Tribunal que, segundo fontes, provavelmente não terá sucesso.

Na sexta-feira, Bolsonaro descreveu a decisão como uma “punhalada nas costas” e disse que continuaria trabalhando para promover a política de direita no Brasil. Porém, a decisão do TSE não encerra os problemas de Bolsonaro. Ele ainda enfrenta várias investigações criminais que ainda podem colocá-lo atrás das grades.

ONDE BOLSONARO?

Embora suas próprias esperanças de derrotar Lula em 2026 possam ter acabado, Bolsonaro disse que apoiaria sua esposa, Michelle, como candidata. Ela é uma novata política, mas uma cristã evangélica declarada que pode ganhar o apoio de uma direita religiosa que desconfia de Lula.

“’Nosso sonho está mais vivo do que nunca’”, escreveu ele no Instagram após a decisão. “Estou às suas ordens, meu CAPITÃO.”

E ainda pode voltar. Lula estava preso em 2019, quando sua condenação por corrupção foi anulada. Agora ele é presidente.

Analistas da Arko Advice disseram que Bolsonaro ainda goza de muito prestígio político.

“Ainda não há alternativa de direita ou centro-direita com a força de Jair Bolsonaro”, escreveram em nota a clientes. “Com isso, o ex-presidente continua sendo o principal antagonista do presidente Lula.”

Fã de longa data do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o mandato de Bolsonaro foi marcado por críticas internacionais por sua gestão medíocre da floresta amazônica, sua abordagem laissez-faire às restrições do COVID-19 e seus ataques sem evidências ao sistema eleitoral do Brasil.

O julgamento do TSE faz parte de um acerto de contas mais amplo no Brasil após a eleição mais dolorosa do país em uma geração. Enquanto Bolsonaro enfrentava o escrutínio do tribunal eleitoral, muitos de seus ex-aliados estão sendo questionados por legisladores em uma investigação do Congresso sobre os distúrbios de 8 de janeiro.

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