Justiça brasileira proíbe Bolsonaro de concorrer às eleições até 2030

RIO DE JANEIRO (AP) – O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro será impedido de exercer o cargo até 2030 por abuso de poder, depois de fazer alegações infundadas sobre o sistema de votação do Brasil antes das eleições do ano passado.

Os sete juízes do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil em Brasília votaram por maioria para banir o ex-presidente por oito anos. Isso significa que o populista de direita não poderá concorrer nas próximas eleições presidenciais. Você pode ser elegível para concorrer nas eleições de 2030, quando tiver 75 anos.

Os juízes dizem que Bolsonaro abusou de seu poder quando convocou embaixadores à sua residência no ano passado e fez alegações infundadas sobre as máquinas de votação do país. A reunião foi poucos meses antes da eleição, que Bolsonaro perdeu por pouco.

Dois juízes ficaram do lado de Bolsonaro, dizendo que ele tinha o direito de expressar livremente suas opiniões.

Bolsonaro diz que vai recorrer da decisão.

O ex-presidente ainda enfrenta mais de uma dúzia outros casos, incluindo um em sua possível promoção de ataques à capital centro do governo por uma multidão de seus partidários em 8 de janeiro.

Transcrição:

ARI SHAPIRO, ÂNCORA:

Hoje, um tribunal no Brasil decidiu que um ex-presidente será banido da política pelos próximos oito anos por abusar de seu poder e espalhar mentiras. A decisão contra o ex-líder de extrema-direita Jair Bolsonaro representa um duro golpe em sua carreira política e em seu movimento nacionalista no país sul-americano. Bolsonaro diz que está sendo censurado e promete continuar lutando. Carrie Kahn, da NPR, traz as novidades do Rio de Janeiro. Olá Carrie.

CARRIE KAHN, BYLINE: Olá, Ari.

SHAPIRO: Quais são os detalhes do processo judicial que levou a este veredicto hoje?

KAHN: Bem, Jair Bolsonaro, que perdeu sua candidatura à reeleição no ano passado, estava sendo julgado no Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil, não em um tribunal criminal. Bolsonaro, só para lembrar, ele foi presidente por último, nos últimos quatro anos. Ele é um nacionalista de extrema-direita que promoveu o direito de portar armas. Ele desmantelou as proteções ambientais na Amazônia e descartou as proteções e vacinas COVID.

No caso agora, sete juízes deram andamento ao julgamento ao longo dos últimos três, ao longo de três dias. E em uma votação de 5 a 2, eles consideraram Bolsonaro culpado das acusações, que giravam em torno de um discurso que ele fez quando era presidente no ano passado. Nesse discurso, ele convocou os embaixadores à sua residência e simplesmente criticou o sistema de votação eletrônica do Brasil, dizendo que era propenso a fraudes. E também menosprezou o sistema eleitoral do país. A maioria dos juízes do tribunal disse hoje que isso foi um abuso de poder, e ele foi impedido de concorrer a qualquer cargo político pelos próximos oito anos, essencialmente até 2030. Ele terá 75 anos então.

SHAPIRO: E os dois juízes que apoiaram o Bolsonaro, o que eles falaram sobre o processo e a sentença?

KAHN: Eles disseram que o caso contra ele não era tão sério, não era sério o suficiente para impor uma proibição tão severa de mantê-lo fora da política. Um deles disse que a fala do ex-presidente pode ter sido rude, mas que Bolsonaro tem o direito de expressar sua opinião. Então, da maioria que se manifestou contra o Bolsonaro, quero reproduzir esse ponto do Alexandre de Moraes. Ele também é juiz da Suprema Corte e saudou a proibição do tribunal como um claro repúdio ao discurso de ódio da extrema-direita.

(SOUNDBITE DE GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

ALEXANDRE DE MORAES: (Falando em português).

KAHN: Ele diz, “esta foi uma rejeição do populismo renascido das chamas do discurso de ódio, discurso antidemocrático que promove desinformação flagrante”.

SHAPIRO: E conte-nos mais sobre como Bolsonaro respondeu hoje.

KAHN: Ele tinha muito a dizer. Ele deu, tipo, uma coletiva de imprensa improvisada que deu em um espaço vizinho. E ele falou por um tempo, e ele estava muito zangado. Ele também falou sobre o que essa regra significa para ser a oposição agora em um país democrático e simplesmente chamou essa proibição de censura.

(SOUNDBITE DE GRAVAÇÃO ARQUIVADA)

JAIR BOLSONARO: (Falando em português).

KAHN: Você pode ouvi-lo continuar. Ele diz que “não há democracia. Não há democracia sem liberdade de expressão”. Ele diz que estava apenas expressando sua opinião para um público estrangeiro e chamou o processo de caça às bruxas política.

SHAPIRO: Então, o que essa proibição de oito anos significa para o futuro não apenas de Bolsonaro, mas também de seu movimento de extrema-direita, que ainda está forte?

KAHN: É difícil dizer agora. Há uma parte substancial do eleitorado que ainda o apoia, inclusive a poderosa bancada evangélica do país. Alguns analistas dizem que a direita sofrerá sem ele, mas outros dizem que Bolsonaro e seus apoiadores estão muito à direita para a maioria dos conservadores do Brasil. Essa é a opinião de Daniela Campello, professora de política da FGV.

DANIELA CAMPELLO: Vai ser bom ter alguém de direita que vai conseguir sair sem a presença do Bolsonaro, que cumpra a agenda dele sem o radicalismo do Bolsonaro, o que não foi bom para ninguém.

KAHN: Bolsonaro diz que vai recorrer da decisão de hoje.

SHAPIRO: Carrie Kahn da NPR no Rio de Janeiro. Obrigado.

KAHN: De nada, Ari.

(SOUNDBITE DA CANÇÃO DE TENDAI, “TEMPO EM NOSSAS VIDAS”) Transcrição fornecida pela NPR, Copyright NPR.

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