SÃO PAULO/CIDADE DO MÉXICO, 13 Jun (Reuters) – A alta administração da falida varejista brasileira Americanas (AMER3.SA) criticou ex-executivos, bancos e firmas de auditoria nesta terça-feira, depois que um relatório da assessoria jurídica da empresa alegou seu envolvimento em “alterações fraudulentas ” declarações financeiras.
Mais tarde naquele dia, o atual diretor-presidente da Americanas, Leonardo Coelho, garantiu aos parlamentares que os membros do conselho não estavam entre as pelo menos 30 pessoas dentro da empresa que ele disse estarem implicadas no suposto plano financeiro. .
A Americanas entrou com pedido de concordata em janeiro, depois de descobrir um escândalo contábil de US$ 4 bilhões. A empresa acusou o ex-CEO Miguel Gutierrez e meia dúzia de outros ex-executivos e funcionários de envolvimento em “fraude”.
Gutierrez não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, nem outros ex-executivos nomeados pela Americanas ou seus advogados.
O relatório foi baseado em documentos fornecidos por um comitê independente, disse a empresa. Ele identificou irregularidades nos acordos de orçamento de publicidade cooperativa, de acordo com um documento de valores mobiliários.
Também descobriu que a empresa celebrou uma série de contratos de financiamento sem as devidas aprovações corporativas.
“A contabilização incorreta desses financiamentos nas demonstrações financeiras da Americanas não permitiu a real determinação do nível de endividamento da empresa”, diz o comunicado.
Os ajustes contábeis serão refletidos nas demonstrações financeiras futuras assim que o trabalho de auditoria for concluído, informou a empresa, acrescentando que os efeitos ainda estão sendo apurados.
“A administração espera que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo”, disse a empresa, prometendo procurar maneiras de ser reembolsada pelos danos.
O CEO Coelho testemunhou perante um comitê do Congresso que o relatório documenta fraude e que nenhum membro do conselho viu transações de financiamento de compras conhecidas como dívida forçada.
Coelho destacou que as demissões dos envolvidos começaram na segunda-feira e continuaram na terça-feira.
Ele acrescentou que as empresas de auditoria KPMG e PwC no Brasil permitiram a modificação de cartas a pedido da administração da empresa, a fim de eliminar inconsistências nas demonstrações financeiras.
KPMG e PwC disseram que não poderiam comentar questões de clientes devido a cláusulas de confidencialidade e regras de sigilo profissional.
Os bancos brasileiros Itaú Unibanco (ITUB4.SA) e Santander Brasil (SANB3.SA) também foram citados na investigação.
Coelho disse que houve uma “troca de informações” entre os bancos e pessoas de dentro da empresa para alterar o texto dos documentos trocados entre eles sobre os processos de financiamento.
O Itaú disse em nota que agiu com transparência e que as demonstrações financeiras são de responsabilidade exclusiva da empresa, sendo “frívolo” atribuir a terceiros a responsabilidade pelas fraudes.
O Santander Brasil disse em comunicado que a apresentação dos títulos da Americana “enfaticamente” demonstrou a responsabilidade única e exclusiva da Americanas pelas inconsistências contábeis.
Os documentos trocados entre o banco e pessoas dentro da empresa eram apenas “uma das muitas fontes de auditoria” e o Santander Brasil sempre reportava integralmente todos os saldos das operações da Americanas no sistema do banco central, acrescentou o banco.
Reportagem de Gabriel Araujo, André Romani e Carolina Pulice; Reportagem adicional de Patricia Vilas Boas e Rodrigo Viga Gaier; Editado por Steven Grattan, Angus MacSwan, David Gregorio e Jamie Freed
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