Thaiana Santos, 29 anos, natural do Rio de Janeiro, percebeu no início da carreira que não queria mais trabalhar como enfermeira em seu país de origem. Brasil. “Por razões financeiras, às vezes trabalhei em dois ou três hospitais”, disse ele à DW.
Mesmo assim, ele não conseguia nem ganhar dinheiro suficiente para sair de férias. “Eu estava sobrecarregada, cansada e trabalhando apenas para pagar minhas contas”, disse ela. Mas depois de conversar com amigos que trabalham na Alemanha, decidiu siga seu exemplo e emigre também.
É uma situação familiar para Jaqueline Piccoli Korb. Ela passou quatro anos trabalhando como enfermeira na cidade de Ijuí, no sul do Brasil, até que também decidiu ir para a Alemanha. “Eu ainda era jovem, insatisfeita com meu trabalho e queria ganhar mais experiência de vida”, disse ela.
Luiza Moraes nem cogitou trabalhar no Brasil depois de se formar em enfermagem. Após a formatura, ele imediatamente começou a procurar emprego na Alemanha.
“Sempre quis ir para o exterior”, disse Moraes, que acabou conseguindo um emprego por meio de uma agência de empregos. Ele trabalha no Hospital Universitário Schleswig-Holstein, na cidade de Kiel, no noroeste, desde outubro de 2020.
Agências ajudam a recrutar enfermeiras do exterior
Algumas clínicas alemãs trabalham com agências para contratar enfermeiras treinadas do exterior. Estas agências gerem todo o processo, desde o recrutamento dos enfermeiros até à sua transferência para a Alemanha. Isso também inclui organizar aulas de idiomas no Brasil e ajudar com os pedidos de visto. As agências são pagas pelos hospitais.
Para o Santos, o processo de contratação levou um total de dois anos para ser concluído. Korb, no entanto, encontrou seu emprego depois de conhecer Michael Stalp, diretor médico das clínicas alemãs Helios Mittelweser, no Brasil.
Desde então, Stalp estabeleceu uma parceria com um hospital de Ijuí, que, segundo ele, “abriu a possibilidade de recrutar especialistas do sul do Brasil por meio de interação e cooperação pessoal”.
“No começo foi difícil”
Ao chegarem à Alemanha, as enfermeiras brasileiras fazem um curso que inclui aulas complementares de alemão. Nas clínicas Helios, uma equipe de integração também está envolvida no processo. Ao final do curso, os brasileiros devem passar por uma prova oral e escrita. Se o fizerem, eles são certificados como profissionais de saúde e enfermagem na Alemanha.
Korb está feliz por ter vindo para a Alemanha há cerca de dois anos. “No começo era difícil, não conseguia entender tudo, mas agora está bem melhor e consigo conversar com os pacientes com mais facilidade”, disse a jovem de 30 anos, que sentiu uma recepção calorosa.
Santos também se adaptou bem, encontrando seu próprio apartamento em Berlim, depois de morar em acomodações fornecidas pelo hospital protestante Rainha Elisabeth Herzberge, onde trabalha.
Enfermeiros têm menos autoridade do que no Brasil
Dito isto, há algumas coisas a que o Santos teve de se habituar na Alemanha. Para ser enfermeira no Brasil, por exemplo, é preciso ter diploma universitário; na Alemanha, os enfermeiros devem concluir um estágio.
Antes de vir para a Alemanha, as três enfermeiras eram formadas em enfermagem por universidades brasileiras. No Brasil, ao contrário da Alemanha, disse Santos, não era função da enfermeira preparar ou administrar remédios ou dar banho nos pacientes; essas tarefas foram feitas por outros.
Na universidade, as enfermeiras brasileiras foram treinadas para serem gerentes de ala. “Temos mais autoridade e liberdade”, disse Santos. É por isso que, depois de vir para a Alemanha, ela às vezes se sentia frustrada. Além disso, disse, tinha medo de errar, pois “o que é bom no Brasil pode ser ruim aqui”.
Ainda assim, ela não quer voltar para o Brasil. “A qualidade de vida é melhor na Alemanha, tenho tempo livre, posso sair de férias e aproveitar meu tempo livre”, disse ele. Ao contrário da Alemanha, ela acrescentou, muitas vezes ela tinha medo de andar sozinha pelas ruas do Brasil.
Moraes também não tem planos de voltar ao Brasil. Atualmente, o jovem de 27 anos está passando por treinamento adicional para trabalhar e apoiar cuidadores internacionais.
“Eu queria ter perspectivas de carreira e segurança no emprego na Alemanha, então é uma situação perfeita”, disse ele à DW. Apesar de sentir falta da família, Moraes fez amigos na Alemanha e conhece muita gente, o que facilita seu dia a dia.
Todos os três saúdam os planos do governo alemão de trazer mais enfermeiras brasileiras para a Alemanha. Santos, no entanto, disse que é importante apoiá-los na busca por um lugar para morar.
Ela também gostaria que as enfermeiras brasileiras fossem mais reconhecidas na Alemanha. Ela acha que isso poderia ser alcançado educando melhor a equipe clínica alemã sobre como eles são treinados e o que a vida cotidiana no Brasil envolve.
Moraes concorda amplamente. Ela disse que, no início, os mal-entendidos geralmente se devem a barreiras linguísticas, e não às enfermeiras brasileiras que não são treinadas para fazer nada.
Este artigo foi traduzido do alemão.