BRASÍLIA, Brasil (AP) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, revelou um plano na segunda-feira para acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia, uma importante promessa de campanha que é um passo fundamental para abordar as importantes emissões de carbono do país na região.
Essa estratégia, que será implementada ao longo de quatro anos, fornece um roteiro para atingir a ambiciosa meta de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. O mandato de Lula termina em 1º de janeiro de 2027, então a implementação total dependeria da vontade de continuar. a obra.
Na segunda-feira, o governo Lula também se comprometeu a alcançar o desmatamento líquido zero, ou seja, replantar tanto quanto for cortado, com a restauração dos estoques de vegetação nativa como compensação pela supressão legal da vegetação.
O Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, com quase 3% das emissões globais, segundo o Climate Watch, plataforma online gerida pelo World Resources Institute. Quase metade das emissões de carbono do Brasil vem do desmatamento.
Lula anunciou que seu governo reajustaria os compromissos internacionais do Brasil para reduzir as emissões, chamados Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs, de volta ao que foi prometido em 2015 durante o Acordo de Paris. O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de carbono em 37% até 2025 e 43% até 2030. O antecessor de Lula, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, reduziu os compromissos.
Como parte do anúncio, Lula aumentou uma unidade de conservação na Amazônia em 1.800 hectares (4.400 acres), frustrando os ambientalistas. Seu governo prometeu priorizar a alocação de 57 milhões de hectares de terras públicas sem proteção especial, uma área aproximadamente equivalente ao tamanho da França.
Em discurso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o governo federal vai criar mais unidades de conservação, dependendo de mais estudos e acordos com os governos estaduais.
Essas áreas têm mostrado maior vulnerabilidade ao desmatamento, pois invasores de terras deslocam comunidades tradicionais e limpam a terra na esperança de obter o reconhecimento de propriedade do governo.
“O Brasil será mais uma vez referência mundial em sustentabilidade, abordando as mudanças climáticas e alcançando metas de redução de emissões de carbono e desmatamento zero”, disse Lula.
Durante o evento, foi feita uma homenagem ao jornalista britânico Dom Phillips e ao especialista em assuntos indígenas Bruno Pereira, mortos há um ano durante uma viagem pela Amazônia. Várias pessoas foram presas.
As novas medidas marcam a quinta fase de uma grande iniciativa chamada Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. Criado há 20 anos, no primeiro mandato de Lula, o plano foi o grande responsável por estancar o desmatamento em 83% entre 2004 e 2012. O plano foi suspenso durante o mandato de Bolsonaro.
Um dos principais objetivos é estimular a chamada bioeconomia, como a pesca controlada do pirarucu, maior peixe da Amazônia, e a produção de açaí, como alternativa à pecuária, responsável pela maior parte do desmatamento. O plano de ação também estabelece medidas para aumentar o monitoramento e cumprimento da lei e se compromete a criar novas unidades de conservação.
Essas medidas também respondem às recentes limitações que o Congresso impôs a Silva, ministro do Meio Ambiente, especialmente influenciado pela chamada bancada da carne, que representa os interesses do agronegócio.
Lula vetou a legislação aprovada pelo Congresso, que pretendia permitir o desmatamento dos remanescentes da Mata Atlântica, uma floresta tropical costeira que sofreu uma destruição significativa.
“O grupo do agronegócio é um grupo político bem organizado que defende interesses no Congresso, com muitos legisladores afiliados”, disse Creomar de Souza, analista político e diretor executivo da consultoria Dharma Politics, à Associated Press. “E isso abre espaço para o que aconteceu na semana passada: a capacidade desse grupo dentro do Congresso de moldar e impor sua agenda.”
Segundo Suely Araújo, Assessora Sênior de Políticas do Observatório do Clima, o plano de ação é fundamental para a reconstrução da governança ambiental brasileira. Para ela, destacam-se no plano a integração de dados e sistemas de monitoramento e prestação de contas à distância, o alinhamento dos projetos de infraestrutura com as metas de redução do desmatamento e as políticas de crédito rural vinculadas ao desmatamento zero.
No entanto, ainda não está claro como será feita a compensação pelo desmatamento legal, incluindo os instrumentos e o nível de responsabilidade do setor privado.
“Também será preciso lutar contra os graves retrocessos que estão chegando na pauta do Congresso”, disse Araújo. “Não haverá desmatamento zero se você aprovar medidas destrutivas.”
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