Moraes, o cruzado da justiça do Brasil, intensifica a luta com os gigantes globais da tecnologia

BRASÍLIA, 10 Mai (Reuters) – O chefe da autoridade eleitoral brasileira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, emitiu um severo alerta às maiores empresas de tecnologia do mundo nesta quarta-feira, dizendo que não permitiria que elas minassem a democracia brasileira.

Os comentários de Moraes, que incluíam a afirmação de que os gigantes globais da tecnologia “acreditam que nenhuma jurisdição no mundo pode supervisioná-los”, refletem os crescentes debates globais sobre se as empresas estão fazendo o suficiente para policiar suas plataformas.

Eles também constituem uma nova linha de batalha ambiciosa para Moraes, um juiz cujas cruzadas anteriores incluíram assumir os esforços do ex-presidente brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro para minar o sistema eleitoral do país durante a eleição presidencial do ano passado.

“As grandes plataformas tecnológicas foram questionadas e serão sancionadas. Eles vão responder, para garantir a liberdade de voto do eleitor”, disse Moraes a juízes e servidores que estudam direito eleitoral, sem nomear empresas específicas.

Logo após seu discurso, Moraes ameaçou suspender e multar o aplicativo de mensagens Telegram em todo o país, caso não cumprisse uma ordem para retirar as críticas que havia feito em sua plataforma sobre um projeto de lei de regulamentação da internet que visa controlar a disseminação de desinformação online.

O Telegram posteriormente removeu a mensagem, dizendo em um comunicado que a Suprema Corte ordenou que dissesse aos usuários que sua mensagem havia “distorcido” o debate em “uma tentativa de induzir e incitar os usuários a coagir os legisladores”.

Mais tarde, o Telegram disse que “provavelmente não poderia mais continuar a funcionar no Brasil se a lei com a redação proposta fosse aprovada”.

“Embora tenhamos cumprido a ordem de remoção de nossas mensagens, o Telegram mantém sua análise e acredita que as leis que afetarão a vida de dezenas de milhões de pessoas requerem atenção pública e um período razoável de debate”, disse ele.

O Brasil está entre os países que assumem a liderança global em pressionar os gigantes da tecnologia a reprimir os usuários que acreditam estar espalhando desinformação.

Moraes já multou o Telegram uma vez este ano por violar uma ordem judicial para congelar as contas de apoiadores de Bolsonaro e ordenou a suspensão do aplicativo no ano passado em uma decisão que foi derrubada dias depois.

LEI DE DESINFORMAÇÃO

Apelidado de “Lei das Notícias Falsas”, o projeto de lei de regulamentação da Internet busca responsabilizar empresas de Internet, mecanismos de pesquisa e serviços de mensagens sociais por encontrar e relatar material ilegal, em vez de deixá-lo nas mãos dos hackers. então. então.

Empresas globais de tecnologia fizeram campanha contra o projeto de lei, argumentando que isso abriria as portas para a censura. Também prejudicaria os serviços gratuitos em suas plataformas se fossem obrigados a pagar provedores de conteúdo e direitos autorais sobre o material publicado em seus sites, dizem eles.

Na semana passada, o Google (GOOGL.O), da Alphabet, adicionou um link ao seu buscador no Brasil que conecta a blogs contra o projeto de lei e pede aos usuários que façam lobby com seus representantes.

O governo e o judiciário brasileiros disseram que tais ações equivalem a uma interferência indevida no debate do Congresso.

O ministro da Justiça, Flavio Dino, disse: “A lei deve ter precedência sobre o Velho Oeste digital” e deu ao Google duas horas para remover o link ou enfrentará uma multa pesada.

O Google o removeu em minutos, enquanto defendia seu direito de comunicar suas preocupações por meio do que chamou de “campanhas de marketing” em suas plataformas.

Diante de uma onda de críticas de parlamentares conservadores, que dizem que o plano do governo é censurar seus opositores, e diante da falta de apoio na Câmara dos Deputados, o projeto foi retirado da tramitação na semana passada e não há data para ser votado. voto.

(US$ 1 = 5,0033 reais)

Reportagem de Ricardo Brito, Roteiro de Anthony Boadle, Edição de Rosalba O’Brien

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