Líbios buscam restabelecer relações com o Brasil, diz relatório

Autoridades líbias em Trípoli disseram ao presidente do Instituto Brasil África (IBRAF), João Bosco Monte, que querem retomar as negociações com o Brasil e reatar os laços com o país latino-americano, segundo a Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA).

O brasileiro Bosco Monte visitou a Líbia na semana passada e foi recebido por autoridades e ministros de Trípoli, incluindo o vice-ministro da Agricultura e Pecuária, Muhammad Al-Turki. (imagem de abertura) O presidente da Autoridade de Promoção de Investimentos, Abdulaziz Eshawish, informou a ANBA.

“Desde a revolução, as conversas desaceleraram e, de forma muito pragmática, eu tinha a intenção de reatar os laços que o Brasil tinha com a Líbia por um tempo”, disse Bosco Monte, que viajou ao país para promover o Brasil África Fórum que a instituição realizará. em São Paulo de 31 de outubro a 1º de novembrorua.

Antes da revolução, o Brasil tinha uma relação estabelecida com a Líbia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para a Líbia em seu primeiro e segundo mandatos, e o governo líbio enviou vários altos funcionários ao Brasil nos anos 2000. O Brasil costumava ter um embaixador em Trípoli, e construtoras brasileiras operavam no país.

As exportações do Brasil para a Líbia aumentaram de US$ 35,1 milhões em 2001 para US$ 456 milhões em 2010, caíram para US$ 141,4 milhões em 2016 e voltaram a níveis mais altos no ano passado, de US$ 320 milhões. A embaixada brasileira em Trípoli foi transferida para Tunis, na Tunísia, em 2012, por questões de segurança.

Bosco Monte reuniu-se com autoridades da economia, agricultura, investimentos e transportes da Líbia. “Todo mundo estava pronto para conversar e retomar as negociações com o Brasil”, disse ele, acrescentando que os líbios guardam na memória a relação que o Brasil tinha com seu país.

O presidente do IBRAF vê vários caminhos para a aproximação com a Líbia, incluindo a participação do Brasil na agenda de infraestrutura e cooperação agrícola do país árabe. Na agricultura, recebeu demandas para capacitação de pessoas, produção e beneficiamento de sementes e transformação de produtos para agregar valor. Bosco Monte também destacou o desejo das autoridades líbias de que seu país seja um catalisador do comércio do Brasil com a região.

Bosco Monte disse que os encontros visam estreitar os laços entre o Brasil e a Líbia. Ele destaca que não só o Brasil, mas outros países também se afastaram da Líbia e agora estão se reconectando. “Ouvi de muitos que a marca brasileira é uma marca relevante, e acredito que esse é o motor que devemos usar para recuperar nosso espaço, a agenda que tínhamos lá e que perdemos desde então. Se não o fizermos, outros o farão”, disse.

Ele disse que viu uma cidade de Trípoli muito diferente do que a imprensa mostra. “O Brasil e outros países estão se permitindo acreditar nessa narrativa de que a Líbia é um lugar inseguro, sem capacidade de investimento. Ao contrário, é um país bastante capitalizado e com reservas que podem ser facilmente utilizadas como garantia de transações”, disse à ANBA. Bosco Monte explicou, porém, que se trata de oportunidades, e não apenas da questão política interna do país.

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