Ceará terá a primeira linha de transmissão subterrânea no nordeste – Negócios

O Ceará deve ter a primeira linha de transmissão subterrânea no nordeste, se o lote que inclui a construção de um trecho de 7,6 km no estado for leiloado em leilão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo a secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), Adão Linhares. O leilão está marcado para dezembro.

Segundo o edital aprovado ontem (6) pela agência, o lote com seções que contemplam o Ceará exigirá um investimento da ordem de R $ 314,93 milhões e deverá gerar 629 empregos em 60 meses. O projeto ligará a gestão regional do norte da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), localizada na Av. Presidente Costa e Silva, à subestação Dias Macedo, na Av. Alberto Craveiro.

Segundo a Aneel, o trabalho de expansão da rede de transmissão na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) visa atender ao crescimento esperado de carga para o período de 2024 a 2033.

Linhares lembra que o leilão já estava agendado, mas foi adiado devido à crise causada pela nova pandemia de coronavírus. O concurso foi reformulado e vários lotes foram retirados para execução no final deste ano.

“Estamos felizes que o Ceará tenha sido contemplado. Esta linha visa garantir o suprimento em Fortaleza. É um fracasso que aconteceria e o governo já está impedindo que isso aconteça. Se não fosse assim, teríamos um colapso a partir de 2024 ”, destaca o secretário. Ele também observa que a natureza subterrânea do projeto requer um maior volume de investimentos.

O coordenador do núcleo de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Joaquim Rolim, afirma que uma das vantagens da linha subterrânea refere-se à confiabilidade dos equipamentos, uma vez que a estrutura não está exposta a contaminação e o clima, desde sol e chuva, evitando falhas no tempo. “Além disso, ainda temos a possibilidade de melhor uso das vias públicas e menos impacto visual”.

Além do Ceará, o leilão terá 11 lotes em oito outros estados: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Serão 25 linhas de transmissão e 12 subestações, cujas obras exigirão investimentos de R $ 7.350 bilhões e prazo de entrega entre 42 e 60 meses. Estima-se que serão gerados 15 mil empregos. Os contratos terão prazo de 30 anos.

Pelo voto do relator, o diretor Efrain Pereira da Cruz, a Eletrobras e suas subsidiárias podem disputar o leilão de transmissão. Nos últimos dois anos, Chesf, Eletrosul e Eletronorte tiveram sua participação suspensa como punição por terem passado pelo processo de vencimento da concessão. Cruz propôs que os procedimentos de confisco não fossem mais considerados um impedimento à participação.

A Aneel também decidiu que a venda dos lotes adjudicados pelos vencedores do leilão a outras empresas somente poderá ocorrer após a entrada em operação das empresas. O edital aprovado pela Aneel será encaminhado para análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Exige
Apesar de considerar boas notícias, Rolim ressalta a necessidade de mais reforços da mesma natureza no restante do estado, além da região metropolitana. “Seinfra vem trabalhando com a Câmara Setorial de Energia e agências federais para obter mais investimentos”, diz ele.

Linhares detalha outras importantes obras recentes de transmissão no estado. O primeiro, já concluído, começa no Maranhão e segue em direção a Pecém. Em andamento, há um reforço da rede de Tianguá e da subestação de Pacatuba. “Precisamos recuperar a capacidade de capturar grandes blocos de energia. Essas linhas são interessantes para atrair projetos de geração de energia, pois melhoraram a transferibilidade “, ressalta.

O secretário também revela que o executivo do estado busca permitir o reforço das linhas no interior do Ceará, exatamente em áreas com grande potencial de exploração de energia renovável, como o Hinterland Central e Inhamuns, onde existem áreas em processo de desertificação. “Todos os leilões são fornecidos pelo Governo Federal, mas fornecemos o apoio necessário para que isso aconteça e gere desenvolvimento no Estado”.

No mar
A geração de energia eólica offshore é uma das mais promissoras do Ceará. Atualmente, o Estado possui três grandes projetos de investimento no setor, que podem gerar um investimento de R $ 37,6 bilhões no longo prazo.

Rolim destaca o potencial do Estado para a atividade, considerando que cerca de 40% dos projetos no Brasil estão no território do Ceará. “Fizemos progressos. A Câmara Setorial seguiu esse processo e tentou mostrar às organizações que fazem desse planejamento a necessidade desses contratos, a possibilidade de investimentos. Esperamos que em pouco tempo tenhamos o primeiro projeto ”, afirma.

Embora ainda existam problemas pendentes, o coordenador da Fiec acredita que boa parte do caminho já foi abordada. “Ele está andando, gostaríamos que ele fosse mais rápido, mas ele está andando”.

Competitividade
O secretário executivo observa que os investidores do setor offshore têm um grande desafio em se adaptar ao custo do investimento e serem competitivos na geração de energia solar onshore. “Se tivermos um leilão de geração de energia no primeiro semestre de 2021 e a modalidade offshore for considerada, provavelmente não será tão competitiva em relação à energia eólica convencional”.

Ele revela que uma das maneiras de garantir às partes interessadas é realizar apenas um leilão eólico offshore. “Se o governo tiver essa percepção, estimulará essa fonte de energia, muito útil para o sistema brasileiro, pois pode compensar a queda na geração hidrelétrica, devido a situações hidrológicas sazonais e uso indevido da água, mudanças climáticas. , ajudando a aproveitar essa água para um uso mais interessante, humano, animal, para produção e não para geração de energia ”, argumenta.

Além do desenvolvimento do setor de geração de energia, Linhares destaca que o segmento offshore ainda impulsiona o setor, com a produção de chapas, torres, equipamentos, entre outros, para suprir a atividade. “Atrás do parque eólico offshore, há um parque industrial de backport. Pecém é um ótimo exemplo. A atividade melhoraria o desenvolvimento industrial do Ceará. Portanto, é benéfico do ponto de vista elétrico, hidráulico e industrial ”.

Em relação à legislação do setor, ele ressalta que a regulamentação atual da Aneel já prevê o segmento, e não é necessário criar regulamentação própria ou específica.



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