Lina Bo Bardi: arquiteta do modernismo brasileiro

Lina Bo Bardi, nascida na Itália, dedicou sua vida adulta ao Brasil, país que lhe deu espaço para atuar como arquiteta e designer. Seu Museu de Arte de São Paulo, com um interior envidraçado que paira sem esforço sobre sua praça graças a quatro pilares de sustentação vermelhos brilhantes, é um exemplo icônico do modernismo brasileiro. No entanto, trabalhar simultaneamente com arquitetos como Oscar Niemeyer e Lucio Costa viu o trabalho de Bo Bardi eclipsado por décadas.

As fundações arquitetônicas de Bo Bardi foram formadas em sua Itália natal. Nascida Achilina Bo em 1914, Bo Bardi cresceu em Roma em uma família genovesa. Depois de estudar arquitetura, mudou-se para Milão, onde encontrou um pouco mais de liberdade da cultura conservadora de Roma. Escreveu e trabalhou para revistas como casa, estilo baixoe ‘A’ Cultura della Vita, que a encontrou colaborando com mentes como Giò Ponti e Bruno Zevi. Só em 1946 o Brasil se tornou uma opção para ela, após seu casamento com Pietro Maria Bardi. Crítico de arte e marchand consagrado, defensor do racionalismo italiano, PM Bardi visitou o Brasil pela primeira vez no início da década de 1930. Juntos, eles deixaram a Itália um mês após o casamento.

Lina Bo Bardi, SESC Pompeia
Lina Bo Bardi, SESC Pompeia via Wikimedia Commons

No Brasil, Bo Bardi amadureceu como arquiteto. Enquanto estudava sua nova casa, ela desenvolveu uma abordagem de design que procurava celebrar uma nação moderna que reconhecia sua história, mas não estava presa ao passado. Isso é melhor visto em projetos como o Solar do Unhão e o SESC Pompéia, onde transformou estruturas existentes em novas funções que atenderam a uma comunidade mais ampla. Como explica o arquiteto e estudioso Zeuler Lima, “Mais do que a recuperação de edificações existentes, Lina Bo Bardi acreditava que a preservação deveria abordar o que ela definiu como presente histórico, bem como a dimensão social do ambiente construído.” A preservação estática que não evoluísse com as necessidades de uma cidade não serviria à sua comunidade.

O complexo Solar do Unhão, localizado em Salvador, Brasil, foi um local ao longo da costa da cidade que remonta ao século XVI. Seria a nova sede do Museu de Arte Popular e do Museu de Arte Moderna da Bahia. O local era um conjunto de edifícios históricos, incluindo uma igreja e um casarão residencial, organizados em torno de praças. Ao preservar os ossos arquitetônicos das estruturas, Bo Bardi abriu os interiores removendo paredes divisórias e ornamentação. Isso permitiu a ela a liberdade de dar nova vida a um local historicamente significativo em Salvador como um espaço de exibição, em vez de ser limitado apenas por seus usos anteriores. Na análise desse projeto, Lima destaca que o objetivo de Bo Bardi “era tornar o edifício histórico presente na vida coletiva da cidade”. No Solar do Unhão, ele criou um espaço ativo que se envolveu com a cultura visual do Brasil moderno, ao mesmo tempo em que reconhece o legado histórico do local.

Museu de Arte Moderna da Bahia, antigo Solar do Unhão, Salvador, Brasil.
Museu de Arte Moderna da Bahia, antigo Solar do Unhão, Salvador, Brasil via Wikimedia Commons

Bo Bardi viu a si mesma e suas oportunidades recuarem após a ascensão da ditadura brasileira em 1964. Na década de 1970, ela ressurgiu com interesse em transformar uma área industrial formal no bairro da Pompéia, em São Paulo, em um centro cultural, hoje conhecido como SESC Pompeia. O projeto de Bo Bardi exigia o redesenvolvimento dos prédios existentes da fábrica, que funcionavam horizontalmente, em equipamentos culturais e a construção de novas torres que abrigariam as instalações do ginásio. Como a historiadora de arte Hilary Macartney descreve,

Construídas a partir de concreto brutalista intransigente, um bloco esportivo cúbico, um bloco de serviços vinculados e uma torre cilíndrica de água, essas três torres fazem uma declaração poderosa sobre o papel da ação e dos recursos comunitários em uma cidade que está rapidamente se tornando dominada por prédios de apartamentos genéricos e corporativos. blocos de escritórios.

Bo Bardi passou muito tempo no local para entender como a comunidade passou a usá-lo depois que a fábrica fechou. Ele permitiu que isso orientasse sua compreensão de como o espaço deveria ser redesenhado, transformando um antigo espaço capitalista em um espaço para reunião e diversão.

Lina Bo Bardi queria criar espaços para comunidades. Ele estava ciente do poder da arquitetura e das histórias com as quais ela estava envolvida. Refletindo sobre o trabalho de Bo Bardi em Salvador e seu legado duradouroRoger M. Buergel observa que ela “reconheceu como o projeto ocidental de modernidade estava intrinsecamente ligado ao colonialismo… ficou claro que ela estava procurando uma maneira inteligente de abordar esse problema”.


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Recursos

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Por: Zeuler Lima

Futuro Anterior: Revista de Preservação Histórica, História, Teoria e Crítica, vol. 2, não. 2 (inverno de 2005), pp. 24–33

Imprensa da Universidade de Minnesota

Por: Introdução de Hilary Macartney e tradução de Zanna Gilbert

West 86th: Jornal de Artes Decorativas, História do Design e Cultura Material, vol. 20, não. 1 (primavera-verão 2013), pp. 110–124

The University of Chicago Press em nome do Bard Graduate Center

Por: Roger M. Buergel

Afinal: A Journal of Art, Context and Inquiry, edição 26 (primavera de 2011), pp. 51–57

The University of Chicago Press em nome da Central Saint Martins College of Art and Design, University of the Arts London

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