SÃO PAULO, 28 Abr (Reuters) – Líderes do povo Mura do Brasil disseram nesta sexta-feira que as tensões aumentaram na região de Autazes, onde vivem, depois que uma equipe da agência federal visitou a área para discutir uma possível demarcação de sua terra ancestral, que coincide com uma área onde uma empresa canadense deseja construir uma mina de potássio.
Falando em entrevista coletiva organizada pelo Ministério Público Federal no estado do Amazonas, duas lideranças Mura disseram que suas comunidades receberam novas ameaças depois que a Funai, órgão indigenista federal, visitou a região no final de março para iniciar as discussões sobre a demarcação do Soares/Urucurituba território. onde a Potássio do Brasil planeja construir o projeto de US$ 2,5 bilhões.
Sérgio, liderança Mura, disse que, após o aparecimento da Funai, começaram a circular informações falsas, inclusive de que o órgão iria “retirar as terras dos fazendeiros”. Sergio disse que a missão da Funai era apenas explicar uma possível demarcação futura, que é um processo longo. Mas a área é assolada por conflitos, já que as tribos amazônicas sofreram décadas de invasão de suas reservas por fazendeiros.
Uma segunda liderança Mura, Adnelson, relatou ameaças “antes e depois” da visita da Funai, incluindo uma nota deixada no conselho indígena local dizendo: “Alguém vai sofrer se a mina de Potássio não acontecer”.
A Potássio do Brasil, uma unidade da Brazil Potash, com sede em Toronto, já havia negado qualquer coerção e disse que seguiu rigorosamente o protocolo de consulta. Sobre as denúncias feitas pelos dirigentes da Mura durante a entrevista coletiva, o escritório disse sentir-se encorajado pelo procurador federal que trabalha no caso, “não deixando outra alternativa à empresa senão a busca incansável por justiça”.
O promotor federal Fernando Soave disse que as consultas em andamento da Mura supervisionadas pelo tribunal não foram “gratuitas” ou “de boa fé”, citando ameaças contra a Mura desde que a empresa começou a tentar aprovar o projeto de mineração.
O procurador reiterou que as consultas de Mura devem ser suspensas porque os estudos de demarcação não foram concluídos. Aguarda-se decisão judicial a respeito desse pedido.
“Quando as consultas começaram, o caos começou”, disse Soave, acrescentando que procurou os serviços de proteção do estado para agir em nome da comunidade indígena.
A Potássio do Brasil leva três anos para construir as instalações da mina e pretende iniciar a produção de potássio lá em 2026.
Reportagem de Ana Mano; Editado por Josie Kao e Leslie Adler
Nossos padrões: Os Princípios de Confiança da Thomson Reuters.