LISBOA, 24 Abr (Reuters) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu nesta segunda-feira restaurar a estabilidade e a credibilidade e convidou empresas portuguesas e outras a criarem parcerias com empresas de seu país em uma tentativa de atrair novamente investidores estrangeiros cautelosos.
“O Brasil está pronto para ser um grande país novamente”, disse Lula a líderes empresariais na cidade de Matosinhos, no norte de Portugal. “O Brasil está pronto para voltar a ser atrativo.”
O esquerdista Lula chegou a Portugal na sexta-feira para uma visita de cinco dias, a primeira à Europa desde que assumiu o cargo de presidente, e está tentando acalmar as preocupações dos investidores sobre suas ambiciosas metas de gastos sociais.
No evento de Matosinhos, que também contou com a presença do primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, e outras autoridades do governo, Lula disse que, para atrair capital estrangeiro, o Brasil precisa de estabilidade política, social e jurídica.
“Sem isso, nenhum investidor colocará dinheiro em outro país”, disse, criticando o ex-presidente Jair Bolsonaro por manter o Brasil “isolado do mundo” durante seus quatro anos de mandato.
Ele disse que há oportunidades para investimentos estrangeiros em vários setores, incluindo projetos de energia renovável, e disse que o Brasil está em busca de parcerias, destacando o acordo entre a fabricante brasileira de aviões Embraer e a empresa aeroespacial portuguesa OGMA para construir aviões aprovados pela OTAN.
As agências de comércio e investimento dos dois países, AICEP de Portugal e APEX do Brasil, assinaram um acordo de cooperação.
Lula reiterou as críticas aos níveis das taxas de juros do Brasil, dizendo que os custos dos empréstimos locais eram excessivamente altos.
“A taxa de referência está agora em 13,75% e ninguém toma dinheiro emprestado em 13,75%”, disse Lula.
Lula e outros políticos pressionaram o banco central independente a cortar as taxas de sua máxima de seis anos, mas o presidente do banco, Roberto Campos Neto, defendeu suas ações como técnicas, não políticas.
Lula também reiterou que seu governo não venderia empresas públicas.
“O Brasil nos últimos seis anos vendeu um grande número de bens públicos não para construir outros bens, mas apenas para pagar os juros da dívida pública”, acrescentou Lula, criticando em particular a privatização da empresa elétrica Eletrobras (ELET6.SA).
A maior concessionária da América Latina, a Eletrobras, foi privatizada em junho de 2022 pelo governo Bolsonaro, quando o governo diluiu sua participação majoritária na empresa em uma oferta de ações de US$ 6,9 bilhões.
Reportagem de Catarina Demony em Lisboa; Reportagem adicional de Gabriel Araujo e Eduardo Simoes; Editado por Bernadette Baum
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