Ataque ao Congresso Brasileiro: chefe de segurança de Lula renuncia

  • Por Vanessa Buschschlüter
  • BBC Notícias

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Marcos Gonçalves Dias (à direita) foi o principal assessor de segurança do presidente Lula

O principal assessor de segurança nacional do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, renunciou depois que um vídeo apareceu mostrando o assessor dentro do palácio presidencial em Brasília durante os tumultos de 8 de janeiro.

O general Marcos Gonçalves Dias renunciou depois que a CNN Brasil exibiu imagens de câmeras de segurança dele conversando com membros de uma máfia.

O general negou as acusações de ter facilitado a entrada de manifestantes.

O governo agora está apoiando uma investigação do Congresso sobre os tumultos.

Isso se soma a uma investigação da Polícia Federal.

O general Gonçalves Dias disse que chegou depois dos desordeiros.

A CNN Brasil disse que analisou 160 horas de filmagem de 22 câmeras separadas.

A CNN diz que a filmagem foi gravada no corredor do lado de fora de uma sala que leva ao escritório do presidente no terceiro andar do palácio.

A filmagem parece mostrar o general apontando os manifestantes para a saída de emergência. Não há som, então não está claro o que está dizendo a eles.

O general disse à rede de televisão brasileira GloboNews que “estava levando pessoas do terceiro e quarto andares para serem presas no segundo andar”.

O general Gonçalves Dias argumentou que suas ações impediram o saque do terceiro e quarto andares do palácio.

Ele acrescentou que apresentou sua renúncia para que a investigação pudesse avançar “de maneira transparente”.

Outras imagens transmitidas pela CNN parecem mostrar membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo general Gonçalves Dias, a distribuir garrafas de água a alguns dos manifestantes e a cumprimentá-los.

O general Gonçalves Dias disse que aqueles que foram vistos distribuindo água aos manifestantes foram removidos de seus postos e estão sob investigação.

O palácio presidencial foi um dos três prédios em Brasília que manifestantes contrários à eleição do presidente Lula invadiram em 8 de janeiro.

Opositores do recém-eleito presidente estavam acampados em frente a quartéis do exército em todo o país, na tentativa de convencer o exército a impedir a transferência do poder do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro para Lula.

Com a frustração crescente após a posse de Lula em 1º de janeiro, eles começaram a se reunir na capital.

As forças de segurança acabaram por recuperar o controlo da situação e detiveram cerca de 1.500 pessoas.

Mas as forças de segurança foram duramente criticadas por não terem impedido que os manifestantes entrassem nesses edifícios importantes.

O chefe da segurança da capital na época do ataque, Anderson Torres, está preso aguardando julgamento sob a acusação de sabotagem para proteger prédios.

O antecessor do presidente Lula no cargo, Jair Bolsonaro, deve depor nos próximos dias sobre seu suposto papel na incitação de manifestantes.

Os promotores dizem que ele acendeu as chamas ao questionar a legitimidade do resultado da eleição, na qual perdeu por pouco para Lula.

Lula se opôs à investigação do Congresso para evitar desviar a atenção política de suas medidas econômicas.

Mas o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse a repórteres que o governo agora apoiará a investigação como forma de esclarecer as coisas após a renúncia do general Gonçalves Dias.

Alguns membros da oposição acusaram o governo de permitir que manifestantes entrassem no palácio presidencial.

“Essa é uma teoria da conspiração absurda”, disse Padilha, segundo a agência de notícias Reuters. “As imagens vazadas trouxeram um novo fato político, então vamos apoiar a investigação, que na minha opinião vai acabar com mais uma teoria da conspiração.”

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