O Congresso brasileiro faz uma verificação de chuva na investigação de 8 de janeiro

Após intenso lobby do governo federal, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (que também preside o Congresso) postergado uma sessão conjunta do Congresso em que ele teria iniciado o processo que permitiria à oposição pró-Jair Bolsonaro lançar um painel seleto sobre os distúrbios de 8 de janeiro.

Inicialmente, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva queriam que o Congresso investigasse a invasão e pilhagem de prédios do governo por manifestantes de extrema-direita. O governo mudou de posição, temendo que a oposição de extrema-direita sequestrasse a investigação para inundar o discurso público com falsidades.

Esses temores se mostraram corretos, com aliados do ex-presidente Bolsonaro tentando turvar as águas sobre quem foi o responsável pelos eventos, alegando falsamente que os tumultos foram provocados por agentes provocadores de esquerda “infiltrados” em um protesto pacífico. .

Oficialmente, a sessão foi adiada devido a atrasos em um projeto de lei do governo detalhando como pagar o salário mínimo da enfermagem aprovado pelo Congresso no ano passado. As sessões conjuntas não têm periodicidade definida e não há previsão de quando as duas casas do Congresso voltarão a se reunir.

Enquanto isso, o governo tenta persuadir alguns dos 194 deputados e 37 senadores que patrocinaram a criação do painel a rescindir o apoio à investigação. Essa é uma tarefa assustadora, visto que o limite mínimo para estabelecer um painel seleto é de 171 membros da Câmara e 27 senadores.

Permitir que o painel avance sem dúvida criará muito barulho político para o governo e lhe custará capital político. Quatro meses após a posse de Lula, ainda não houve votação no Congresso sobre nenhuma questão polêmica. A coalizão governista ainda precisa ser testada, e mais de 60% das cadeiras da Câmara são ocupadas por políticos ideologicamente fluidos, tornando o cenário político altamente incerto.

Enquanto isso, a investigação sobre os distúrbios continua nos tribunais. A Suprema Corte está decidindo esta semana se os primeiros 100 réus devem ser julgados por conspiração sediciosa, formação de associação criminosa armada e danos a propriedades federais e locais históricos.

amanda audi

Amanda Audi é jornalista especializada em política e direitos humanos. Ela é ex-diretora executiva do Congresso em Foco e já trabalhou como repórter para The Intercept Brasil, Folha de S. Paulo, O Globo, Gazeta do Povo, Poder360, entre outros. Em 2019 ganhou o Prêmio Comunique-se de melhor repórter de mídia escrita e ganhou o prêmio Mulher Imprensa de webjornalismo em 2020.

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