O juiz Alexandre de Moraes decidiu que Bolsonaro deveria comparecer à Polícia Federal em 10 dias para responder a perguntas sobre as acusações de que ele incitou manifestantes, que invadiram o palácio presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal pedindo a destituição do presidente.
“Defiro o pedido da Procuradoria-Geral da República e determino que a Polícia Federal ouça o depoimento de Jair Messias Bolsonaro no prazo máximo de 10 dias”, escreveu Moraes na decisão, obtida pela AFP.
Moraes já havia decidido em 13 de janeiro que Bolsonaro seria colocado sob investigação no caso.
Mas ele havia adiado uma decisão sobre o pedido dos promotores para que Bolsonaro fosse interrogado, já que o ex-presidente estava no estado americano da Flórida na época.
Bolsonaro partiu para Orlando nos últimos dias de mandato, após se recusar a conceder derrota a Lula nas urnas.
Lula, que anteriormente liderou o Brasil de 2003 a 2010, derrotou Bolsonaro por pouco em uma eleição brutal e divisiva em outubro passado.
Milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram os corredores do poder em Brasília em janeiro, uma semana após a posse de Lula.
Em cenas que lembram os distúrbios de 6 de janeiro de 2021 em Washington por partidários do ex-presidente Donald Trump, modelo político de Bolsonaro, eles vandalizaram escritórios, vandalizaram obras de arte e pediram a intervenção dos militares para derrubar Lula.
Os promotores pediram que Bolsonaro fosse interrogado sobre um vídeo que ele postou online e depois deletou, dois dias após os ataques, no qual questionava a legitimidade da eleição de Lula.
No entanto, eles disseram que sua investigação sobre o ex-presidente não se limitaria ao vídeo, mas uma “investigação completa de todos os atos antes e depois de 8 de janeiro”.
Mais de 1.800 pessoas foram detidas pelos eventos de 8 de janeiro.
Eles incluem o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que era chefe da segurança pública de Brasília na época dos distúrbios.
Os investigadores estão investigando se os manifestantes tiveram ajuda interna de cima do acampamento de Bolsonaro.
questões legais
Bolsonaro, que nega qualquer participação nos distúrbios, voltou ao Brasil em 30 de março e prometeu se opor ao governo de Lula.
Mas ele enfrenta inúmeros problemas legais em casa.
Ele já foi interrogado pela polícia federal na semana passada em um caso separado, sobre alegações de que tentou roubar milhões de dólares em joias com diamantes recebidas de presente da Arábia Saudita durante sua presidência.
Ele enfrenta um total de quatro investigações do STF que podem condená-lo à prisão e também 16 processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O TSE pode tirá-lo do direito de concorrer por oito anos, tirando-o da corrida presidencial de 2026.