Estamos enfrentando a maior crise de saúde nos últimos 100 anos, e as coronavírus recente Dá a impressão de que permanecerá conosco por um tempo ainda imprevisível. A experiência internacional nos ensinou que o isolamento social, a higiene das mãos e a barreira das máscaras protegem a população e reduzem a circulação do vírus. No entanto, essas medidas são insuficientes para impedir a transmissão em ambientes com pessoas infectadas, assintomáticas ou com febre, tosse e espirros.
Dados epidemiológicos de vários países mostraram que a realização de testes maciços para identificar os portadores do vírus e aqueles que entraram em contato com eles foi essencial para combater a propagação da doença. O principal teste, e o mais amplamente utilizado no mundo, que realmente identifica a presença do vírus é chamado RT-PCR, feitos com cotonetes para coletar material das narinas e da garganta, locais onde o vírus é encontrado em pessoas infectadas, com ou sem sintomas. Quando este teste é positivo, é porque o vírus está presente. Portanto, a infecção é segura.
O teste de RT-PCR não pode ser confundido com “testes rápidos”, realizados em aproximadamente 20 minutos, que visam detectar anticorpos contra o vírus. Estes são testes indiretos: se os anticorpos foram produzidos, é porque a infecção ocorreu no passado. Quando? Não sei, poderia ter sido 20, 30 dias atrás ou 2 meses atrás.
Conclusão: eles não servem para diagnosticar covid-19 em pacientes, nem para identificar portadores assintomáticos.
Os “testes rápidos” causam mais confusão do que ajudam. Existem dezenas de kits no mercado de várias origens, muitos dos quais não foram submetidos a avaliação técnica. Como conseqüência, falsos negativos e falsos positivos são frequentes, ou seja, resultados negativos naqueles que já tiveram a infecção e resultados positivos naqueles que nunca entraram em contato com o vírus, respectivamente. Por esses motivos, os testes rápidos não têm como objetivo ajudar a controlar a pandemia. Países que melhor lidaram com o vírus testado em massa com testes de RT-PCR.
Veja a posição absurda do Brasil. O Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Rússia e Bélgica avaliaram mais de 10% da população; Peru e Chile já estão perto de 6%. A China realizou mais de 90 milhões de testes, que atingiram 6% da população. E todo mundo continua testando. O Brasil mal aplicou 3,5 milhões de testes, em aproximadamente 1,5% da população.
Os testes maciços vão atrás de pessoas positivas, sintomáticas ou não, para promover seu isolamento e identificar todos os contatos que essas pessoas tiveram nos últimos dias, para também isolá-las se estiverem infectadas. Em muitos países, 10, 20, 40 contatos são avaliados para cada teste positivo, porque para cada RT-PCR positivo, haveria até 10 outras pessoas infectadas, não avaliadas.
Na iniciativa Todos pela Saúde, assumimos os testes como estratégicos desde o primeiro momento. Apesar da ampla disponibilidade de testes de RT-PCR fornecidos pelo FiocruzConstatamos que as dificuldades estavam na área de análise e processamento. Decidimos então fazer duas grandes doações para a formação de centros de análise RT-PCR, instalados e operados pela Fiocruz, no Rio de Janeiro é em Força. Em 31 de julho, a capacidade de teste do SEUS portanto, aumentará em alguns dias em até 25 mil testes por dia. Além da capacidade já instalada no país, poderemos realizar aproximadamente 100.000 testes por dia.
Esperamos que nossos líderes, nos três níveis de governo, se organizem para o enorme esforço de testes e que a sociedade se mobilize para reivindicar o direito de acesso ao teste de RT-PCR, para reduzir o número de mortes no Brasil. Ainda há tempo.
O CONSELHO INTEGRA DE ESPECIALISTAS DE TODOS PARA A SAÚDE: DRAUZIO VARELLA, CIENTISTA E ESCRITOR; EUGÊNIO VILAÇA MENDES, CONSULTOR DO CONSELHO DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE (CONASS); GONZALO VECINA NETO, EX-PRESIDENTE DA ANVISA; MAURÍCIO CESCHIN, ANTIGO PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE (ANS); PAULO CHAPCHAP, DOUTOR EM CLÍNICA CIRÚRGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E DIRETOR GERAL DO HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS; PEDRO BARBOSA, PRESIDENTE DO INSTITUTO PARANÁ DE BIOLOGIA MOLECULAR (IBMP), INSTITUIÇÃO CONECTADA À FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ); E SIDNEY KLAJNER, PRESIDENTE DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN.