Americanas de Brasil enfrenta batalha prolongada de falência com credores, dizem fontes

Por Carolina Pulice

SÃO PAULO, 30 Mar (Reuters) – A varejista brasileira Americanas SA, que pediu concordata em janeiro, enfrenta resistência dos principais credores a um plano de recuperação que pode levar a uma redução de até 80% em seus créditos, disseram três pessoas com conhecimento. do assunto disse.

O plano, submetido a um tribunal do Rio de Janeiro na semana passada, incluiria uma injeção de capital de 10 bilhões de reais (US$ 1,95 bilhão) de seus principais acionistas anunciada no início deste mês.

O trio bilionário que fundou a 3G Capital, que controla gigantes de bens de consumo como Kraft Heinz Co e Anheuser Busch Inbev, é dono de cerca de um terço da Americanas.

O valor oferecido no plano de reorganização fica aquém do que alguns detentores de dívida esperavam, de acordo com três pessoas que não quiseram ser identificadas porque estão envolvidas nas negociações.

“Os credores estão mais interessados ​​no que os acionistas podem pagar, principalmente se puderem pressioná-los mais”, disse uma das pessoas.

Alguns consideram a proposta “absurda”, uma vez que prevê descontos tão profundos para credores com acionistas tão poderosos, disse uma segunda pessoa.

A Americanas, que opera uma rede de lojas físicas e uma das maiores varejistas de comércio eletrônico do Brasil, entrou em crise no início deste ano com a divulgação de cerca de 20 bilhões de reais em inconsistências contábeis.

A Americanas disse que tem dívidas com credores de cerca de 43 bilhões de reais (8,2 bilhões de dólares).

Embora o pedido da reorganização tenha desencadeado uma breve alta nas ações da Americanas na esperança de fornecer um roteiro para a recuperação, a empresa enfrenta negociações prolongadas com credores insatisfeitos com as perdas que estão enfrentando, disseram as pessoas à Reuters.

Credores cruciais da “classe 3”, que incluem detentores de títulos e bancos que representam cerca de R$ 37 bilhões em crédito, provavelmente exigirão mudanças na proposta, como um pequeno corte, disseram as pessoas.

De acordo com a lei de recuperação judicial do Brasil, os credores têm até 30 dias para apresentar suas objeções após a apresentação do plano.

Os bilionários, conhecidos como “acionistas de referência”, também são vistos como propensos a retroceder.

“Acionistas de referência” sofreram enormes perdas como resultado das irregularidades contábeis, disse um porta-voz.

Nada sabiam sobre o assunto, reiterou o porta-voz, acrescentando que a sua prioridade é “chegar a um acordo equilibrado que assegure o futuro da empresa”.

A Americanas disse em nota que criou várias alternativas de pagamento de dívidas para credores de diferentes portes, naturezas e interesses, acrescentando que o plano estava sujeito a ajustes e incluiu “interações com os principais credores”.

O plano apresentado a um tribunal local este mês propunha um leilão reverso para liquidar dívidas com credores financeiros e quirografários que concordassem em receber uma liquidação total ou parcial de suas reivindicações com um desconto de pelo menos 70%.

Também foi oferecida a recompra de empréstimos quirografários, emissão de debêntures simples e outras opções de reestruturação de dívidas.

Somente os credores que não estiverem processando a Americanas poderão participar dessas propostas, de acordo com o plano. Para os credores que decidirem processar a varejista, o plano propõe um desconto de 80% a ser pago em março de 2043.

A empresa deverá obter a aprovação do plano pela maioria de seus credores até a assembléia geral marcada para este semestre.

Aurélio Valporto, que dirige o grupo brasileiro de investimentos Abradin e pediu à CVM, reguladora de valores mobiliários do país, para investigar a empresa, seus executivos e a empresa de contabilidade PwC, disse que o tratamento dos credores da “classe 3” “foi irracional e “desrespeitoso”.

“Toda a confiança que os bancos demonstraram em conceder empréstimos não garantidos à Americanas foi paga com uma falência de bilhões de dólares”, disse. “É claro que este plano não será aprovado.”

Nem todos os aspectos do plano são controversos. Espera-se que a maioria dos credores da Americanas apoie a venda planejada de alguns de seus ativos, incluindo Hortifruti Natural da Terra e Grupo Uni Co, disse uma quinta pessoa.

Houve um “tom positivo” nas negociações nos últimos dias, acrescentou a pessoa. ($ 1 = 5,1626 reais) (Reportagem de Carolina Pulice; Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier; Edição de Christian Plumb e Jonathan Oatis)

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