O Ministério Público da Bahia (MP-BA) investiga as alegações de abuso sexual e psicológico contra um líder espiritual, Jair Tércio Cunha Costa, 63 anos, ex-grão-mestre de uma loja maçônica na Bahia e desenvolvedor de uma doutrina de ensino que é estudada. em retiros espirituais promovidos por ele todas as semanas.
Segundo informações da promotora Gabriella Manssur, as queixas de 14 mulheres que participaram da seita Jair Tércio chegaram ao Ombudsman, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público e do Projeto Justiceiras.
“Desde quando uma mulher fala sobre um caso de abuso sexual cometido em série pelo mesmo agressor contra um grupo de mulheres que de alguma forma ele tem uma certa superioridade, uma certa hierarquia, outras mulheres falam”, disse ela.
Uma dessas 14 mulheres é a educadora Tatiana de Amorim Badaró, que namorava um jovem que participava de reuniões. Ela diz que procurou apoio emocional na doutrina depois de engravidar.
“Ela aproveitou um momento de extrema fragilidade, estava grávida aos 16 anos. Precisava de apoio. A partir de então, perdi minha vida”, afirmou o pedagogo.
Jair Tércio é suspeito de abusar sexualmente de 14 mulheres – Foto: Reprodução / Fantástico
Tatiana de Amorim Badaró foi a primeira mulher a denunciar a opressão de que, segundo ela, sofria de Jair Tércio, por 12 anos, entre 2002 e 2014.
“Não pude escolher uma profissão, ele determinou que era pedagogia. Fui forçado a trabalhar na escola que ele fundou. Deixei minha mãe por ordem dele, tive que mudar meu celular, excluir o e-mail e criar outro e-mail para que ninguém na minha vida teve contato comigo “, revelou.
O pedagogo diz que o guru a ameaçou e disse que sofreria retaliação espiritual se os casos fossem revelados.
“O terrorismo psicológico é o tempo todo, uma ameaça de retaliação espiritual. Como ele nunca diz o que fará, ele diz que a espiritualidade o resolverá: ‘a espiritualidade exigirá de você, porque você teve a oportunidade de viver perto de um esclarecido e inaceitável”, disse ele. o pedagogo.
Para o Programa Fantástico, a queixosa disse que a rotina de estupro começou quando ela foi convidada a preparar uma conferência na casa de Jair Tércio.
“Ele disse que precisava equilibrar minha energia. A primeira noite foi exatamente isso, na semana seguinte ele estendeu a mão dizendo que estava equilibrando meus chakras e na semana seguinte ele entrou dizendo que precisava jogar sua energia em mim”, disse Tatiana.
Quando perguntada se o guru estava usando preservativo no momento do abuso, ela disse que não. “Não usei porque ele disse que nada disso era material”.
A pedagoga disse que os casos de abuso sexual a levaram a se distanciar da família e dos amigos.
“Me senti péssimo. Cheguei em casa e vomitei e com isso me afastei de todos. Incluindo pessoas da seita, porque ele diz que ninguém é digno de confiança, que só podemos confiar nele”, disse Tatiana.
O queixoso também disse que Jair Tércio criou intrigas. Segundo Tatiana, ela entrou em depressão e ganhou 20 kg depois de receber uma carta do guru, onde revelou que Vi, o pai de seu filho, não sentia mais o desejo de seu parceiro.
“Vi confidenciou na luta que ele não estava satisfeito na cama”, dizia a carta.
A denúncia foi feita apenas ao grupo As Justiceiras depois que constatou que outras mulheres passaram pela mesma situação. Tatiana disse que sofreu ameaças anônimas depois de registrar a queixa.
Gabriella Manssur declarou que a maior dificuldade nesses casos é provar os atos. “Mas se conseguirmos reunir vários testemunhos, há evidências de que esses eventos ocorreram”.
“Eles são vítimas de mulheres, muitas meninas, e o mais impressionante é que esses abusos ocorrem por um longo período, se espalham ao longo do tempo, fazendo-os entender que isso faz parte de um ritual, de um tratamento”, disse o jornal. fiscal. .
Jair Tércio é um líder espiritual de Salvador – Foto: Reprodução / Fantástico
Outra mulher, que não quis revelar sua identidade, disse que a bahiana tentou estuprá-la.
“E eu disse: ele não é um Deus, ele não é um santo, ele é um homem e ele não é um homem bom, porque eu sabia do amor que ele tinha como pai, muitas vezes eu não ouvi o meu pai e o ouvi”, disse ele.
Outra, que também não quis revelar sua identidade, disse que não conseguiu se defender das ações. “Ele me tocou. Ele tocou meus seios, ele me masturbou, ele me disse para me virar. Isso me deixou estático e ele estava fazendo isso, ele estava me incomodando, ele estava me tocando”, revelou.
O advogado do suspeito, Fabiano Pimentel, diz que “por ser uma pessoa solteira, um homem solteiro, ele teve alguns relacionamentos românticos, mas que em nenhum momento houve qualquer tipo de violência, psicológica ou física, que levasse a qualquer tipo de violência.” do crime de estupro ou assédio nesse sentido “.
“Não, não estou dizendo que eles mentem. O que estou dizendo é que ele afirma que essas relações foram feitas por consenso”, disse o advogado de Jair Tércio.
A Grande Loja Maçônica da Bahia disse em nota que suspendia os direitos maçônicos de Jair Tércio. “A Maçonaria não tem responsabilidade sobre as ações dessa pessoa.”
Relacionamento com um menor
Menores relatos de ter perdido a virgindade com o guru – Foto: Reprodução / Fantástico
Um boletim policial registrado em Salvador afirma que a voz do homem em um telefonema analisado pelo MP é de Jair Tércio e a outra voz é de menor.
No diálogo, o adolescente pergunta ao homem se ele tirou a virgindade dela. Ele nega e diz: “Não é um relacionamento comigo, não. Comigo foi carinho, foi amor”.
Mais tarde, o adolescente diz que sua mãe a levará ao ginecologista e ele pede que ela evite. “Você não vai. Esqueça, minha filha. Pelo amor de Deus, está vendo?”, Ela disse.
Uma menina de 16 anos disse que se sentiu suja por não obedecer às “regras” ditadas pelo guru.
“Eu sempre pensei que, porque não queria fazer essas coisas, porque não queria seguir essas regras, estava sujo e errado. Isso complica minha vida de maneira absurda, é por isso que sempre tenho um complexo de culpa”, diz ele.
O advogado de Jair Tércio diz que o guru nega qualquer envolvimento em relação a menores ou o estupro de pessoas vulneráveis.