Brasil estabelecerá pastoral nacional para as favelas do país

SÃO PAULO – Após anos de dificuldades econômicas, o Brasil viu crescer significativamente o número de pessoas sem moradia adequada. Nos últimos três anos, a população sem-teto aumentou 38%, para 281.000 pessoas.

A nação sul-americana agora tem 13.000 favelas, conhecidas como favelas, o dobro de 10 anos atrás. Seis milhões de famílias procuram moradia e 70 milhões de brasileiros carecem de moradia digna.

Em tais circunstâncias, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está promovendo a formação de uma Pastoral das Favelas e Habitação em nível nacional. Um grupo formado por ativistas que trabalham com projetos habitacionais em diferentes partes do país se reúne desde 2022 e agora planeja expandir seu alcance.

A principal força por trás do projeto é a Comissão Pastoral de Favelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que foi criada na década de 1970 e é a única no Brasil que lida especificamente com favelas.

“Iniciamos nosso trabalho tentando identificar os grupos católicos que já tinham ligação com a luta por moradia em diferentes partes do Brasil. Convidamos a todos a se juntarem a nós”, explicou o padre Luiz Antônio Pereira Lopes, que preside a Comissão Pastoral das Favelas do Rio.

El padre capuchino Marcelo Toyansk Guimarães, quien coordina la Comisión de Justicia, Paz e Integridad de la Creación de su congregación, trabajó con la Pastoral de las Favelas de Río cuando las tormentas devastaron la ciudad de Teresópolis, en el estado de Río de Janeiro, faz dez anos.

Agora que mora em São Paulo, convidou o padre Pereira Lopes a participar da iniciativa de estabelecer um ministério nacional.

“Em geral, as pastorais voltadas para a habitação vêm perdendo força nos últimos anos. Decidimos que era hora de fortalecê-los e estabelecer novos grupos onde ainda não existem”, disse Guimarães. Crux.

O crescimento extraordinário das favelas brasileiras nas últimas décadas não foi acompanhado por uma presença crescente da Igreja, disse Guimarães. Na maioria das áreas, as igrejas pentecostais e evangélicas são agora as dominantes.

Heliópolis, por exemplo, considerada a maior favela de São Paulo com 200 mil habitantes, tem apenas duas freguesias, disse Guimarães.

“Ocasionalmente, outras pastorais visitam favelas, favelas, cortiços e favelas. Mas, geralmente, eles não conseguem trabalhar lado a lado com as pessoas para ajudá-las em seus desafios relacionados a questões habitacionais e comunitárias”, disse ele.

Problemas relacionados à falta de infraestrutura nessas áreas, incluindo serviços básicos como coleta de lixo, são comuns e muitas vezes exigem organização comunitária para chamar a atenção das autoridades.

Historicamente, movimentos de igrejas estiveram envolvidos com esse tipo de iniciativa – foi o caso da formação de Heliópolis, por exemplo, na década de 1980 –, mas hoje a maioria deles não existe mais. Ao mesmo tempo, a maioria das igrejas evangélicas não são ativas em questões de justiça social.

“Nos últimos anos, muitas políticas governamentais relacionadas à habitação e às condições de vida dos pobres foram desmanteladas. Essa situação se intensificou durante a pandemia da COVID-19 e impactou milhões de pessoas”, disse Guimarães.

Pereira Lopes disse que grupos da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal estão envolvidos na formação da nova pastoral. Na semana passada, eles lançaram um guia para ajudar os grupos religiosos que desejam estabelecer uma comissão pastoral habitacional em sua paróquia ou diocese.

As diretrizes incluem a necessidade de fortalecer a organização comunitária à luz da espiritualidade católica, capacitando lideranças locais e sugerindo políticas públicas ao poder público.

“Ao longo dos anos aprendemos que, embora não caiba à Igreja resolver o problema da moradia, precisamos estar presentes nessa luta. E precisamos de pessoas na academia e no governo discutindo essas questões”, disse Pereira Lopes.

Tanto ele quanto Guimarães enfatizaram que o Papa Francisco tem chamado a Igreja a ir às periferias e periferias das cidades para alcançar os mais pobres da sociedade.

“Habitação é um dos três Ts que o pontífice tem exigido [tierra, trabajo y techo: Spanish for land, work, and housing]. Essa luta faz parte da doutrina social da Igreja”, afirmou Pereira Lopes.

O plano do grupo é realizar uma reunião presencial no próximo ano e estabelecer oficialmente o ministério pastoral nacional. Ele também pediu à CNBB que adote a habitação como tema de uma futura Campanha da Fraternidade, a campanha anual da Quaresma para arrecadar fundos para instituições de caridade da Igreja e destacar questões sociais.

“Percebemos que muitas pessoas estão muito esperançosas com a Pastoral das Favelas. A presença da Igreja nas periferias tem diminuído e precisamos encontrar novas formas de estar lá”, disse Guimarães.

You May Also Like

About the Author: Adriana Costa

"Estudioso incurável da TV. Solucionador profissional de problemas. Desbravador de bacon. Não foi possível digitar com luvas de boxe."

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *