Governo Lula discute novo quadro fiscal do Brasil com legisladores

BRASÍLIA, 20 de março (Reuters) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, planeja revelar um novo quadro fiscal há muito aguardado antes de viajar para a China no final de semana, mas quer que a proposta seja discutida em particular com os líderes do primeiro Congresso, disse o ministro da Fazenda, Fernando. Haddad disse segunda-feira.

A estrutura é vista como crucial para aliviar as preocupações fiscais depois que Lula obteve a aprovação do Congresso para um pacote multibilionário que contorna o teto constitucional de gastos para aumentar os gastos sociais e cumprir as promessas de campanha.

Os principais membros de seu próprio Partido dos Trabalhadores estão pressionando para garantir que a nova regra fiscal não prejudique o investimento público, embora seu formato ainda não seja conhecido.

Haddad disse que as reuniões ocorrerão até terça-feira sob a liderança de Lula para que as novas regras fiscais possam ser discutidas com os presidentes do Senado e da Câmara, além de outras lideranças políticas.

Depois de se encontrar com alguns deles na segunda-feira, Haddad disse a repórteres que tinha “certeza de que estamos na fase final”, mas disse que o governo ainda está decidindo se anuncia o novo quadro fiscal junto com uma nova proposta de regulamentação de impostos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse durante evento no Rio de Janeiro na segunda-feira que Lula ainda não deu a última palavra sobre o quadro, que disse combinaria fatores como trajetória da dívida, superávit orçamentário e controle de gastos, sem dar mais detalhes.

Questionado sobre a possibilidade de a estrutura vir antes da reunião de fixação de juros do banco central na quarta-feira, Haddad respondeu que são duas agendas diferentes e que o comitê de política monetária tem uma dinâmica própria.

Ele disse que o processo de discussão não deve ser apressado, pois a estrutura “deve ser sólida, sóbria e fazer sentido para as pessoas”.

O esquerdista Lula, que assumiu o poder em janeiro, criticou repetidamente o alto nível das taxas de juros, que se mantiveram estáveis ​​em uma alta de seis anos de 13,75% desde setembro, em meio ao arrefecimento da inflação. Ele argumentou que os altos custos dos empréstimos prejudicariam a economia e ameaçariam uma crise de crédito.

A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, que já se desentendeu com Haddad, disse que há excesso de autonomia no Banco Central. Ele defendeu uma política fiscal expansionista, dizendo que como o governo espera um crescimento econômico menor este ano, “precisamos aumentar o investimento público e não conter nenhum gasto social”.

Reportagem de Marcela Ayres com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro; Editado por Angus MacSwan e Grant McCool

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