O Brasil deve proteger e restaurar suas florestas secas e savanas para atingir suas metas climáticas, mostram novas pesquisas.
A atenção no Brasil e em todo o mundo está frequentemente voltada para a floresta amazônica, ignorando os danos e a destruição desses biomas sazonalmente secos, que contêm vasta biodiversidade e estoques de carbono.
O novo estudo, liderado pelas Universidades de Exeter e Campinas, diz que a restauração econômica de biomas secos pode sequestrar quase 10 bilhões de toneladas de carbono até 2050-80.
Mas a restauração leva tempo, e os pesquisadores dizem que proteger os ecossistemas existentes é a melhor opção para o Brasil atingir suas metas climáticas para 2030.
“A mudança contínua no uso da terra, especialmente a destruição de ecossistemas para criar terras agrícolas, faz do Brasil o quinto país com as maiores emissões de gases de efeito estufa do mundo”, disse a Dra. Lucy Rowland, do Instituto de Sistemas Globais da Universidade de Exeter .
“Mas o Brasil também tem um enorme potencial para restauração de ecossistemas.”
“O foco na Amazônia é compreensível, mas muitas vezes isso simplesmente deslocou o problema da destruição do ecossistema para o Cerrado (savana) e a Caatinga (floresta seca)”.
“Isso foi feito sob a suposição de que esses ecossistemas são inúteis, quando na verdade eles têm uma diversidade de espécies de plantas que rivaliza com a da Amazônia”.
“Existe um enorme potencial para restaurar essas áreas sem impactos negativos na produção de alimentos ou nos meios de subsistência das pessoas”.
Os mercados globais de carbono fornecem uma maneira financeiramente viável de financiar a restauração em larga escala.
O estudo combinou preços de carbono com informações como disponibilidade de terras e armazenamento de carbono de 5.475 municípios brasileiros para avaliar os possíveis custos e benefícios da restauração.
“Afirmamos que, mesmo com foco exclusivo no carbono, precisamos restaurar outros biomas tropicais, não apenas as florestas tropicais”, disse a Dra. Fernanda de Vasconcellos Barros, também da Universidade de Exeter.
“A adição de florestas secas e savanas dobra a área que poderia ser restaurada de maneira financeiramente viável, aumentando o potencial de armazenamento de carbono em mais de 40% em relação ao que as florestas tropicais oferecem sozinhas.”
“É importante ressaltar que mostramos que a conservação será essencial para que o Brasil alcance sua meta climática de 2030, pois pode sequestrar de 1,5 a 4,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono”.
“A restauração leva mais tempo e, portanto, pode ter um impacto menor até 2030, mas na restauração de longo prazo em todos os biomas do Brasil, entre 3,9 e 9,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono podem ser reduzidas até 2050. -80”.
O artigo foi publicado na revista Ciência Ambiental Total.
Mais informação:
F.de.V. Barros et al, Restauração rentável para o sequestro de carbono nos biomas brasileiros, Ciência Ambiental Total (2023). DOI: 10.1016/j.scitotenv.2023.162600