Promessa de dívida do consumidor de Lula estagnou em negociações com o setor privado brasileiro, dizem fontes

Por Marcela Ayres e Bernardo Caram

BRASÍLIA, 13 Mar (Reuters) – A promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de renegociar as dívidas dos consumidores não foi cumprida devido a uma série de problemas técnicos e questões em aberto sobre o papel do setor privado, disseram seis pessoas envolvidas nas negociações disse à Reuters.

O chamado programa Desenrola, programado para ser lançado primeiro em fevereiro e depois no início deste mês, foi adiado indefinidamente, segundo as fontes, que pediram para permanecer anônimas para discutir deliberações confidenciais do governo.

O programa visa fornecer alívio a alguns dos 70 milhões de brasileiros na lista negra devido a contas não pagas depois que as taxas de juros subiram para uma alta de seis anos. Ele enfrentou o ceticismo do setor financeiro durante a campanha presidencial do ano passado.

O Ministério das Finanças não respondeu a um pedido de comentário.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o programa deve permitir que cerca de 37 milhões de pessoas renegociem cerca de R$ 50 bilhões (US$ 9,5 bilhões) em dívidas. Durante a campanha, os assessores disseram que pretendem lidar com até R$ 95 bilhões em contas não pagas.

Na semana passada, Haddad atribuiu os atrasos do programa ao desenvolvimento de uma plataforma digital para renegociações de dívidas.

Quatro funcionários do ministério disseram que as discussões sobre a plataforma não chegaram a um consenso sobre seu design ou funcionalidade.

Outra fonte familiarizada com o assunto disse que ainda há discussão sobre a composição de um grupo de trabalho que incluiria funcionários do governo, bancos, credores e agências de crédito para acertar os detalhes. Com a contribuição desse grupo, o governo deverá conseguir implementar o programa na segunda metade do ano, disse esta fonte.

“As pessoas vão acessar um site? Onde estará esse site? Como eles saberão quanto devem e para quem? Isso não foi bem projetado”, disse a fonte.

Também não está definido o prazo para as dívidas passíveis de renegociação, visando evitar que as pessoas inadimplem deliberadamente os pagamentos em dia.

As autoridades também discutem como estruturar leilões com credores como bancos, varejistas e empresas de serviço público, que definiriam quais propostas se qualificariam para garantias de um fundo federal de R$ 10 bilhões no processo de renegociação.

Em teoria, os bancos quitariam as dívidas diretamente com outros credores e elaborariam um plano de pagamento da dívida reduzida com pessoas físicas, oferecendo condições mais favoráveis, como juros de 2% ao mês por cinco anos, por exemplo.

As fontes disseram que a dinâmica dessas negociações e os termos específicos ainda estão sendo definidos para um primeiro nível do programa, que trata de dívidas de até R$ 5.000 para pessoas que ganham até dois salários mínimos por mês, ou R$ 2.600.

No segundo nível do programa, dívidas de qualquer valor de pessoas físicas de qualquer renda poderiam ser negociadas sem garantias governamentais, criando incerteza adicional sobre a viabilidade dessas operações para as instituições financeiras.

($ 1 = 5,2619 reais) (Reportagem de Marcela Ayres e Bernardo Caram Edição de Brad Haynes e David Gregorio)

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